Uma análise sobre os discursos de manipulação através da ótica de Mafalda

Abstract

A sátira é uma técnica literária e artística utilizada em tirinhas e charges para denunciar e criticar instituições políticas, morais, hábitos e costumes. São justamente estas que se utilizam de discursos dominantes para estabelecer o doutrinamento social e político dos cidadãos de um país. Através da linguagem verbal e não verbal se pode manipular notícias, propagandas, discursos políticos, para o benefício de um determinado grupo político, um grupo econômico, um determinado povo. O presente trabalho busca trazer uma reflexão por meio da identificação dos discursos de manipulação que são criticados por Quino através da sua personagem de histórias em quadrinhos: Mafalda. Para tanto, visamos discutir o conceito de análise do discurso em um recorte histórico, analisamos os conceitos de persuasão e manipulação para contextualizar o objeto de estudo, pretendendo refletir sobre as figuras de manipulações e as formações discursivas identificadas. As figuras de Manipulação são apresentadas por Barros (2005) e Filinich (2005) como tentação, sedução, persuasão, intimidação e provocação. Mussalim (2021) faz uma analogia quando as Formações Discursivas comparando-as aos vários caminhos cruzados por outros (outras FD´s) que é entendido como nível de dispersão por Foucault (apud, Mussalim, 2021). Quanto aos procedimentos metodológicos, esta pesquisa é classificada como uma pesquisa qualitativa de natureza bibliográfica. Foram identificadas figuras de manipulação em três tirinhas, sendo a primeira vinculada à tentação pois tenta induzir o público a comprar sendo a crítica de Quino direcionada ao discurso do consumismo. Na segunda tirinha a crítica perpassa o discurso de manipulador do Estado no contexto ditatorial da argentina trazendo à discussão duas formações discursivas a familiar e a do Estado. E na terceira identificamos o discurso imperialista que manipula os países latino americanos a pensarem que são inferiores em relação aos países do hemisfério norte. Por fim, compreendemos que Quino tenta, através da crítica, denunciar o excesso de apelo ao consumo e o controle ditatorial, além dos efeitos do imperialismo na população argentina.