O livro didático como lugar de memória: reflexões a partir das abordagens sobre os povos indígenas

Abstract

A presente pesquisa possui como objetivo geral, analisar quais memórias os livros didáticos do ensino fundamental II elaboram para os povos indígenas no conteúdo da América portuguesa. Para alcançar esse objetivo, foram estabelecidos três objetivos específicos: (1) perceber as ressonâncias de uma história eurocêntrica no debate sobre os povos indígenas; (2) compreender o livro didático com um lugar de memória que interfere na construção das representações e identidades dos povos indígenas; e (3) analisar de forma comparativa os livros didáticos História & vida integrada (2002) da 6ª série e Amplitude história (2022) do 7º ano, no que concerne à memória que cada um elabora para os povos indígenas no contexto da América portuguesa. Diante disso, pretende-se realizar uma discussão acerca das memórias elaboradas para os povos indígenas no contexto da América portuguesa a partir da análise comparativa entre esses dois livros didáticos citados acima, História & vida integrada e Amplitude história, sendo um deles anterior à lei 11.645/2008 e um posterior a essa legislação e Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que incorpora e incentiva os pressupostos da mesma. Desse modo, surge a seguinte problemática que norteia este estudo: Quais memórias referentes a representação, participação e contribuição dos povos indígenas no processo de construção da história do Brasil os livros didáticos analisados de História do ensino fundamental II estão elaborando para esses povos no contexto da América portuguesa? Sendo assim, a metodologia adotada para a realização dessa pesquisa exploratória é de natureza qualitativa e abordagem bibliográfica. Desse modo, as etapas para o seu desenvolvimento compreendem uma revisão bibliográfica sobre o assunto e uma análise comparativa entre dois livros didáticos. O quadro teórico que embasa as discussões desta pesquisa é composto pelos estudos de Le Goff (1990), Nora (1993), Chartier (1991; 2002), Tedesco (2004), Bittencourt (2004; 2008; 2013), Bouton (2016) Adichie (2019) e Fuly (2022). Ao fim desse estudo, percebemos que, apesar dos esforços promovidos para mudar o cenário em que a temática indígena historicamente foi submetida no meio educacional, ainda existem certas permanências em meio às mudanças significativas no que se refere às memórias criadas sobre essa temática.