Distúrbio antrópico crônico impulsiona a plasticidade fenotípica nos atributos foliares de croton blanchetianus baill. (euphorbiaceae)

Abstract

A compreensão dos mecanismos adaptativos de espécies vegetais em ambientes de alto estresse é essencial para promover a conservação e a resiliência de ecossistemas como a Caatinga. O Distúrbio Antrópico Crônico (DAC) impõe desafios significativos às plantas locais, selecionando traços funcionais que permitem a sobrevivência em condições de aridez e degradação. O objetivo deste estudo foi avaliar a plasticidade foliar de Croton blanchetianus em áreas com diferentes índices de vegetação, afetadas por variados graus de DAC no estado da Paraíba. Para isso, os objetivos específicos incluíram: (i) mensurar traços foliares, como área foliar e espessura da folha, e (ii) analisar indicadores de DAC nas áreas selecionadas. Foram analisados traços como espessura foliar (EF), área foliar (AF), área foliar específica (AFE) e conteúdo de matéria seca foliar (CMSF), de cinco indivíduos adultos de cada área, sendo 10 folhas de cada indivíduo. Os resultados mostraram que em áreas de maior degradação e aridez, C. blanchetianus apresentou redução em AF e AFE e aumento em EF e CMSF, sugerindo uma estratégia adaptativa focada na retenção de água e eficiência de recursos. Esses resultados foram obtidos por meio de análises de ANOVA (Análise de Variância), Teste de Tukey e modelos GLM (Modelos Lineares Generalizados). Para a AF, a ANOVA indicou diferenças significativas entre localidades (p < 0,001), confirmadas pelo Teste de Tukey, enquanto o GLM revelou que a Pressão do Gado (CPI) (p < 0,001), a Precipitação Média Anual (MAP) (p < 0,001) e Índice de Atividade Humana (HAI) (p < 0,001) explicaram parte da variação observada. Na AFE, a ANOVA identificou diferenças significativas (p = 0,001) entre localidades, e o GLM mostrou que o aumento do HAI teve um efeito significativo (p < 0,001). Para a EF, a ANOVA apontou variações significativas entre áreas (p < 0,001), com o GLM revelando associações significativas com CPI (p < 0,001), HAI (p < 0,001) e MAP (p < 0,001). No CMSF, embora a ANOVA não tenha encontrado diferenças significativas entre localidades, o GLM indicou uma relação significativa com a Temperatura Média Anual (MAT) (p = 0,0129). Essas alterações morfológicas apontam para uma priorização da economia de água e recursos, permitindo que a espécie prospere em ambientes áridos. O estudo confirma a hipótese de que o DAC influencia a morfologia foliar e reforça o papel de C. blanchetianus como espécie-chave na estabilidade da Caatinga, visto que sua tolerância permite que atue como pioneira em áreas degradadas, criando condições favoráveis para o restabelecimento da vegetação. Essas características contribuem para a estabilidade e conservação da Caatinga, especialmente em regiões impactadas por distúrbios antrópicos.