Análise da apropriação da teoria histórico-cultural por professores de uma escola do campo no interior da Paraíba

Abstract

Este estudo teve como objetivo geral apreender quais conceitos e métodos da Teoria HistóricoCultural são apropriados pelos professores de uma escola do campo do Estado da Paraíba. Trata-se de uma pesquisa de campo, de caráter exploratório e descritivo, realizada numa abordagem qualitativa. Como instrumentos metodológicos de coleta dos dados, utilizaram- se: 1) o questionário sociocultural e de perfil profissional, para caracterização da amostra e 2) a entrevista semiestruturada. A coleta procedeu-se em três visitas à escola e para a realização da mesma foram respeitados todos os procedimentos éticos de pesquisa preconizados pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. A caracterização dos participantes (N=5) mostrou: predominância do sexo feminino, média de idade de 30 anos, formação acadêmica (graduação e pós-graduação), média de tempo para concluir a graduação de 3,7 anos, média de 22 alunos por turma, carga horária de 20 horas semanais. Os dados advindos das entrevistas semi-estruturadas foram analisados à luz da Técnica de Análise de Conteúdo Temática de Bardin (2012) e foram evidenciadas duas significativas categorias, que contemplaram a Classe Temática principal denominada “Apropriação da teoria Histórico cultural”. As categorias foram nomeadas como “Psicologia Educacional/ Escolar” e “Psicologia Histórico Cultural (PHC)” e cada uma delas foi formada por suas respectivas subcategorias. A partir dessa análise pode-se identificar que a apropriação das docentes acerca das concepções teóricas e metodológicas da Psicologia Educacional/ Escolar, e principalmente da Psicologia Histórico-Cultural, pode ser considerada fragmentada, mostrando pouco conhecimento das contribuições das ciências psicológicas e da obra vigotskiana ao fenômeno educativo. Os discursos apontaram uma concepção de educação que se aproxima de uma perspectiva compensatória e assistencialista, fato constatado nas unidades de análise relativas à visão de escola e de docência. É possível concluir, a partir dos resultados, que a ideia de desenvolvimento promovida no ato educativo ainda tem resquícios de uma educação alienada, que precisa se aproximar mais do verdadeiro papel da função social da escola que consiste na socialização dos conteúdos socialmente construídos pela cultura humana, sendo o professor o mediador no processo de desenvolvimento do sujeito, perpetuando às gerações futuras as construções já desenvolvidas pelo Gênero Humano.