A tessitura discursiva da música cristã: formação ideológica e composição interdiscursiva do texto religioso

Abstract

A música, compreendida como objeto de apreensão que possibilita a atribuição ideológica na sociedade, representa de modo bastante eficaz as crenças e ideologias de um povo, através da expressividade semântica que sua essência musical pode provocar. A música figurativiza papéis de sujeito, perpassando ideologias e religando sujeitos e seres de planos diversos (céu, terra, inferno). A música funciona como um suporte existencial, mostrando-se ampliado na estrutura de gêneros textuais e discursivos, uma vez que é delineado para cumprir convenções culturais por sua própria funcionalidade social. É a fim de lidar com questionamentos acerca da materialidade da linguagem, da memória e a partir dos discursos presentes na música religiosa, que essa pesquisa se propõe a analisá-los de modo teórico-semântico-reflexivo, tendo como objeto de análise as músicas: “Tapeceiro”, de Stênio Marcius; “Oração”, de André e Tiago Arrais; e “Viver pra mim é Cristo”, de Pe. Fábio de Melo; imersas em um contexto de ideologia cristã. Uma escolha realizada a partir de uma pesquisa empírica, para embasar o presente trabalho por uma perspectiva qualitativa, que inclui consulta bibliográfica, constituindo, portanto, o tipo de pesquisa exploratória. Partiu-se, então, dos estudos da Análise do Discurso de linha francesa: Fernandes (2008), Foucault (1995), Pêcheux (1997), Orlandi (1994); bem como dos estudos das Ciências das Religiões: Eliade (2010), Hock (2010), Nasser (2006). Uma pesquisa que aproximou os estudos acerca dos gêneros textuais com os estudos semânticos, a Análise do Discurso de linha francesa, dialogados à temática da Sociologia da Religião, o que nos possibilitou a ampliação do horizonte de expectativas acerca da língua(gem) e sua funcionalidade social.