O resgate de vozes irmãs: a memória enquanto resistência nas narrativas de Conceição Evaristo

Abstract

O presente trabalho tem como objetivo compreender, por meio de análises de dados e revisão da literatura, dois contos intitulados Maria do Rosário Imaculada dos Santos e Regina Anastácia, ambos presentes na obra Insubmissas Lágrimas de Mulheres (2011), da autora Conceição Evaristo. Buscamos refletir acerca de como as protagonistas dos contos, através da retomada de memórias, elaboram um discurso de denúncia contra a opressão, o preconceito e a discriminação em relação ao afrodescendente por meio de um discurso de insubmissão e resistência. Para tal, utilizamos como base os pressupostos teóricos dos autores Le Goff (1982), Michel Pollak (1989), Benjamin (1996), Spivak (2010) e Ribeiro (2017). Ao final da discussão, pudemos apreender de que modo o resgate de memórias funciona na construção literária da autora Conceição Evaristo como exercício de liberdade e denúncia, revisando a história e atribuindo a tais sujeitos injustiçados um de lugar de fala perante a sociedade. Assim, podemos afirmar que as narrativas são desenvolvidas por meio de processos de resgate de memórias e que, para a história manter-se perpetuando de geração em geração, recordar como forma de denúncia é e será sempre preciso.