O Mulato: a hipocrisia religiosa como aspecto degradante da sociedade em Aluísio Azevedo

Abstract

O presente artigo analisa o romance O Mulato, de Aluísio Azevedo, tendo como principal objetivo, através da relação dialógica das personagens do Cônego Diogo e de Raimundo o mulato, focalizar a questão da hipocrisia religiosa, como um aspecto negativo para a sociedade da época, assim como o anticlericalismo que o autor demonstra em sua obra. A abordagem da hipocrisia religiosa recai sobre a forma de atuação de sistemas religiosos que, considerando-se imponentes, cometeram graves erros em sua forma de julgar o indivíduo, a exemplo do judaísmo do século I e do catolicismo romano ao longo de sua história. Nesse sentido objetivamos identificar o confronto entre o Cônego Diogo e a personagem Raimundo, o mulato, dentro do eixo narrativo. Possibilitar uma análise sobre a hipocrisia do Clero na época em que ocorre o fato narrado. Compreender a atuação da religião como pano de fundo da organização social, influenciando, consideravelmente, nas questões ideológicas e a interferência do clero no seio das famílias. Para exemplificação do termo hipocrisia religiosa trazemos uma abordagem sobre os Fariseus, um grupo religioso do Judaísmo do século I, que se consideravam como verdadeiros e únicos seguidores da Lei de Deus. No entanto suas más obras foram duramente criticadas por Jesus Cristo, daí o termo fariseu passou a ter um sentido negativo significando qualquer pessoa que esconde uma falsa religiosidade. O modo de ser do Cônego Diogo com sua hipocrisia é fator de destaque na análise da obra. A pesquisa realizada para este trabalho foi de natureza bibliográfica qualitativa. Além da 5ª edição do romance, O Mulato, utilizou-se de bibliografias relativas ao autor do romance tais como Bosi (2006) e Moisés (1984) como também foram consultados dicionários, tanto bíblico como da língua portuguesa, com a finalidade de definir a etimologia da palavra hipocrisia.