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É perceptível na filosofia de Nietzsche a construção do personagem "o homem louco" como indicador da responsabilidade do assassinato de Deus apontando para uma coletividade, ou seja, que inclui a si mesmo. Nietzsche está imerso na cultura europeia, a saber, o ápice do movimento iluminista em plena vigência do racionalismo e cientificismo instrumental, ou seja, do que temos hoje relacionado a "modernidade". A ascensão da ideologia moderna determina a autonomia racional do sujeito e da supremacia da ciência como fundamento absoluto das verdades do mundo. O edifício racionalista moderno que começa a ser erguido por Descartes e depois por Kant quando fundamenta sua crítica da razão excluindo a metafísica do âmbito do conhecimento, assim as questões relativas à existência de Deus e imortalidade da alma não poderiam ser abordadas e tocadas na esfera do conhecimento, do mesmo modo a metafisica jamais poderia fundamentar alguma noção de validade do conhecimento, pois, segundo Kant, determinar possibilidades e condições metafisicas não passa de uma furtiva e imaginativa necessidade humana. Assim, Nietzsche observa que o projeto racionalista iluminista é uma ruptura com o modelo político, filosófico e religioso vigente. Portanto, quando o personagem nietzschiano Zaratustra – ou o homem louco – diz “nós matamos Deus”, ele está constatando que o homem ocidental moderno, constituído em sua hipertrofia racional é que determina a tão propagada “morte de Deus”. Desta forma, o presente artigo pretende discutir a “morte e Deus” e o “niilismo” a partir do olhar nietzschiano, e como os sujeitos partindo de um lugar social instituído pela razão se relacionaram com o transcendental.
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