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A arte envolve uma dimensão subjetiva ineliminável que a conduz à tessitura do imediato, possibilitando sua compreensão dentro de sistemas ideológicos. Durante o conflito americano-soviético no século XX, os modelos de arte hegemônicos nos EUA e na URSS refletiram o teor dos discursos ideológicos que se estruturaram e se desenvolveram na ótica da mútua oposição, e que incidiram tanto na teoria e crítica da arte como na produção artística da época, caracterizando o paradigma do Modernismo nos EUA (a crítica e a teoria de Alfred Barr Jr. e Clement Greenberg, entre outros, e as obras do Expressionismo Abstrato) e do Realismo Socialista na URSS (a crítica e a teoria de Andrej Jdanov e Maxim Gorki, entre outros, e as obras das vanguardas russas e do Realismo Socialista), do ponto de vista de estéticas concorrentes constituintes do cerne da diplomacia cultural no pós II Guerra, a partir da emergência e da consolidação nos EUA do modelo da “arte pela arte”, após uma década de discussões marxistas acerca de uma democratização no plano cultural (1930), e da emergência e consolidação na URSS do modelo da “arte pelo social”, com a definição da estética oficial do Realismo Socialista em 1934, quando o stalinismo extirpa do meio artístico as pesquisas formais das vanguardas russas. Enquanto o Expressionismo Abstrato, incentivado pelo Departamento de Estado, pela grande mídia e por recursos de instituições privadas, reflete valores da ideologia burguesa como liberdade, individualismo, tolerância e inconformidade, confirmando na arte a hegemonia político-econômica dos EUA no mundo ocidental, o Realismo Socialista prevalece nos Estados comunistas como a vanguarda do combate ideológico definido pela esfera política, propondo uma arte coletivista, democrática, acessível e politizada, definida em sua função pedagógica na construção do socialismo. |
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