Resumo:
A criação de aves de silvestres como animais de estimação é prática bastante antiga, e está diretamente relacionado com questões culturais, socioeconômicas e declínio das espécies envolvidas. Nesta perspectiva o presente estudo objetivou inventariar as aves silvestres utilizadas como animais de estimação, assim como os aspectos da comercialização e o contexto sociocultural em que se permeiam tais atividades no sertão do estado da Paraíba, Brasil. Os dados foram coletados por meio de entrevistas livres e formulário semiestruturado, abordando questões sobre a avifauna utilizada como animais de estimação. Foram entrevistadas 30 pessoas do sexo masculino, com média de idade de 45,6 anos. A identificação das aves foi feita a partir da visualização direta das espécies e por meio de guias científicos. Foi calculado o índice de valor de uso para cada espécie, em três formas diferentes, VUgeral, VUatual e VUpotencial, com valores que variam respectivamente entre (0,03 e 0,97), (0 e 0,63) e (0,03 e 0,60). Foram registradas 36 espécies de aves silvestres distribuídas em 10 famílias e 26 gêneros, que são utilizadas pela beleza das plumagens e do canto, capacidade de imitar e potencial para “rinhas”. A família de maior diversidade foram Thraupidae (13 espécies). Vinte e um (70%) entrevistados obtiveram seus animais do comércio ilegal, que de maneira geral abrange todas as espécies registradas. Nove informantes possuem cadastro e autorização para criação e reprodução de espécies em cativeiro. O comércio de aves legal e/ou ilegal é uma atividade bastante difundida na região pesquisada, com muitas espécies sendo comercializadas com valores que variam de R$ 5,00 à R$ 5.000,00. Os dados mostram a necessidade da realização de pesquisas que avaliem a pressão sofrida pelas espécies, com vista na mediação entre utilização e conservação da biodiversidade, melhorando a aplicação dos planos de manejo na conservação dos mesmos.
Descrição:
SOARES, H. K. de L. Criação e comércio ilegal de aves no sertão paraibano: Um enfoque etnoornitológico. 2016. 46f. Monografia (Especialização em Etnobiologia)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2016.