Resumo:
No presente trabalho temos como objetivo analisar, sob uma perspectiva psicanalítica, o conceito de Complexo de Édipo e os conflitos entre as instâncias psíquicas id, ego e superego na peça António Marinheiro (O Édipo de Alfama) (1966), de Bernardo Santareno. Para tanto, tomaremos como base de análise da obra, a segunda teoria do aparelho psíquico e o conceito de Complexo de Édipo elaborado por Freud e as sequentes releituras deste conceito feita pelos psicanalistas Juan-David Nasio (2007) e Hélio Pellegrino (2009). Na obra que nos propomos analisar, o autor retoma a tragédia grega Édipo Rei, de Sófocles em que o protagonista Édipo por consequência do destino comete parricídio e incesto. Ao descobrir que matou o pai e se casou com a mãe se auto-flagela como forma de punição pelo seu “crime”. Na trama de Bernardo Santareno, o protagonista António Marinheiro também comete parricídio e incesto, no entanto, ao descobrir seu feito não se pune fisicamente, porém o sofrimento psíquico é inevitável, pois os personagens, António Marinheiro e Amália são devastados por uma guerra interior entre o Id e o Superego. Após a descoberta do parentesco o casal encontra-se em meio a uma confusão psíquica, há momentos que se agridem verbalmente e momentos que dão vazão aos instintos e se beijam. Em meio a esta luta entre desejo e moral, indivíduo e civilização, são os valores morais que saem vitoriosos, pois o casal se separa no final representando a preservação da instituição familiar e da moral. O final da trama parece reafirmar a força exercida pelo superego cuja função está relacionada com a preservação da moral e a repressão dos instintos visando a manutenção ordem social.
Descrição:
OLIVEIRA, B. A. Análise psicanalítica de António Marinheiro (O Édipo de Alfama). 2013. 57f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Português)- Universidade Estadual da Paraíba, Monteiro, 2013.