Resumo:
As Mucopolissacaridose (MPSs) fazem parte do grupo das doenças lisossômicas de depósitos, ocasionadas por um erro enzimático na qual compromete a degradação das GAGs acumulando-se dentro dos lisossomas. MPS do tipo III- C é uma doença rara autossômica recessiva causada pela deficiência da enzima da membrana lisossomal, denominda acetil-CoA α-glucosaminida N-acetiltransferase (HGSNAT), acumulando assim o sulfato de heparan, o que a diferencia no quadro clinico das outras MPSs é o fato de ser uma doença neurodegenerativa, que ainda não possui tratamento, como a MPS IV-A e VII que as possuem. A etnia e a miscigenação entre europeus, africanos e ameríndios deram origem a população brasileira, não ocorrendo com distribuição homogênea, diferem significativamente entre as regiões. Os marcadores moleculares são uma importante ferramenta para o entendimento das relações populacionais tais como variabilidade e estrutura genética da mesma, compreendendo e reconstruindo assim a história de um povo. O cromossomo Y possui uma região não recombinante que é herdada de uma forma patrilinear, servindo como marcador de linhagem. Esta pesquisa utilizou os seguintes marcadores moleculares do cromossomo Y: YAP, DYS199, SRY-1532, M343 e 12f2, cada um deles define um haplogrupo especifico que defini um grupo populacional. O haplogrupo DE* encontrado na região Sub-Sahariana estendendo-se ao Norte da África é definido pelo marcador YAP (+/-); o Q3*, haplogrupo das regiões das Américas é caracterizado pelo DYS199 (C/T). O haplogrupo R* representa a região europeia e deles derivam dois subhaplogrupos R1a, presente na Europa Oriental definido pelo marcador SRY-1532 (A/G) e o R1b encontrado principalmente na região ibérica definido pelo marcador M343 (A/C). O haplogrupo J* definido pelo marcador 12f2 é mais comum no Leste-Oeste da Europa, originário do Oriente médio. O presente estudo teve como objetivo a análise da ancestralidade paterna dos pacientes com MPS tipo III-C da Paraíba para identificar a origem do haplótipo e entender os fatores evolutivos compartilhados. Dos 7 pacientes observados na paraíba foram analisados 4 pacientes são do sexo masculino. Nestes pacientes observou uma frequência de 50% do subhaplogrupo R1b (Europa Ocidental, encontrado com altas frequências em Portugal) e 50% do haplogrupo R* amplamente distribuído na Europa. Não foram observados os haplogrupos DE*, Q3* e J*. Conclui-se que de acordo com os dados genéticos obtidos neste estudo, é possível inferir uma origem ancestral paterno Europeia para MPS III-C na Paraíba, e os alelos terem vindo para a região por causa dos homens portugueses que colonizaram Paraíba.
Descrição:
DANTAS, M. A. A. Ancestralidade de pacientes com mucopolissacaridose tipo III-C com marcadores de linhagem: Análise do cromossomo Y. 2016. 59f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2016.