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O presente trabalho configurou-se enquanto empreendimento de uma análise psicanalítica no universo ficcional da obra Vidas Secas (2009) de Graciliano Ramos, tendo como objetivo explorar um de seus aspectos mais pertinentes: a melancolia vivenciada pelos personagens protagonistas: Fabiano, sinhá Vitória, os filhos, bem como a cachorra Baleia. Para tanto, tomaremos como aportes teóricos os estudos relacionados a melancolia feitos por Sigmund Freud (1996), também recorremos aos teóricos literários como Bosi (2006), Candido (2008) e outros t da Literatura, mais especificamente da segunda fase do Modernismo Brasileiro, que propuseram reflexões e hipóteses a respeito da análise da melancolia na obra ficcional em questão. No caso mais específico da obra Vidas Secas (1938), considerando-se seu período e sua proposta literária, pressuposto da base histórico-material da época, em que uma estrutura fundiária e social, aliada à aridez natural do clima e da geografia, condenava certos indivíduos pertencentes a estratos sociais menos favorecidos a uma realidade atroz e desumana, vítimas de uma política oligárquica e concentradora de renda e de meios existenciais. Concebemos, então, a hipótese de que a base material de uma estrutura social e política alicerçada na penúria, na exploração e na degradação humanas como causas, ou fatores complicadores e intensificadores, da situação melancólica dos sujeitos simbolizados pelos personagens do universo ficcional que se opera na obra. Observamos que os personagens, retratando a condição social dos indivíduos excluídos das estruturas de poder no sertão nordestino do século passado, animalizadas, impossibilitadas de realizarem seus sonhos de uma vida digna como delineia o estatuto humano, uma vez também desprovidas de vez e de voz, passam a vivenciar a melancolia, levando a vida de forma desesperançada, seca e embrutecida de reação a tais infortúnios. |
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