Resumo:
Este trabalho tem por finalidade aprofundar o pensamento referente à educação e mais diretamente ao estudo da ética enquanto tema transversal. Reconhecendo o enorme valor dos Parâmetros Curriculares Nacionais para se repensar a educação atualmente, retoma-se seu apontamento embasador: “a necessidade de se construir uma escola voltada para a formação de cidadãos”. A noção de cidadania é bem ampla e complexa, e abarca inexoravelmente a ética. Sabemos que a compreensão de ética também é múltipla, já que é abordada de diferentes maneiras no decorrer da história. Interessa-nos aqui investigar não seus desdobramentos histórico-filosóficos, mas sua própria condição transversal, intrínseca, que atravessa (ou deveria atravessar) todas as ações humanas. Também será investigada a própria noção de educação, a partir dos pressupostos teóricos desenvolvidos por Paulo Freire, Augusto Boal e Miguel de Unamuno, relacionada sempre ao contexto contemporâneo. Vale salientar que as obras de Unamuno utilizadas neste trabalho serão analisadas de modo breve, pois as mesmas serão trazidas a discussão para reforçar por meio dos pressupostos Unamunianos o conceito de educação a partir do pensamento de Freire. O recorte adotado será temático, enfocando o diálogo entre educação, vida humana, sociedade, liberdade-autoridade e artes. Os valores humanos serão repensados, a partir de una reafirmação do que Unamuno chama de egotismo (uma busca do próprio eu, que necessita dos demais para fazer-se). Aí reside o papel vital da educação para Unamuno: em construir-se, criar. Unamuno quis ser o pai-mestre de um povo e neste intento provocou inúmeras inquietações, fazendo brotar questionamentos essenciais acerca da formação e do processo educativo de um homem. Os conceitos de liberdade-autoridade são imprescindíveis neste processo. Freire (2013, p. 102) declara que “ensinar exige liberdade e autoridade”, o que é viabilizado por relações respeitosas. Quando vejo o outro e me reconheço, recrio-me, aprendo e ensino, tenho autoridade (sem ser autoritário) e sou livre na sociedade. Augusto Boal estende tais questões ao âmbito artístico. Se Freire propõe uma pedagogia a partir dos que historicamente foram / são oprimidos, Boal reafirma esta proposta, direcionando-a ao teatro, à estética. Concordando com Boal que “ser humano é ser artista” (2009, p. 19), busca-se apreender o papel da arte, que se constituirá como uma importante ferramenta pedagógica no processo educacional, capaz de desenvolver a sensibilidade e a criatividade, aprimorando a habilidade refletiva e, consequentemente, contribuindo para a construção de um mundo mais ético e para a formação de uma sociedade mais democrática. A final, acreditamos que só a partir de uma posição verdadeiramente ética pessoal, se poderá plantar sementes éticas a se perpetuarem na sociedade. Focaremos também o estudo da ética a partir de considerações oriundas do foco em trabalhos pedagógicos desdobrados da modalidade musical, considerando esta como um dos mais potentes caminhos a se seguir no processo de combate à opressão/exclusão dos cidadãos injustamente excluídos do convívio social.
Descrição:
ARAÚJO, L. C. Um diálogo entre Miguel de Unamuno, Paulo Freire e Augusto Boal: a educação em uma perspectiva artística . 2016. 42f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Espanhol)- Universidade Estadual da Paraíba, Monteiro, 2016.