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A presente pesquisa tem como objetivo analisar, a partir de uma perspectiva linguístico-discursiva, os aspectos ideológicos presentes nos discursos acerca da promulgação da Lei 12.605, que torna obrigatória a flexão de gênero na nomeação do grau em diplomas. O nosso corpus é composto de comentários veiculados em um blog no qual os internautas, em uma postagem específica, poderiam expressar a opinião deles a respeito da promulgação da referida lei. O lastro teórico que baliza a nossa pesquisa está centrado nos trabalhos dos seguintes estudiosos: Bakhtin (2006), Foucault (2008), Fairclough (2001), Scott (1995), Louro (1997), Leitão (1981), Santana (2007), Câmara Jr. (2009), Rocha (1998) dentre outros de cujo pensamento nos valemos para embasar nosso capítulo teórico e dar sustentação à nossa argumentação no capítulo analítico. Em se tratando da análise dos dados, cumpre registramos que procuramos observar como, por meio dos comentários analisados, é possível verificar o quanto a linguagem se constitui como um espaço marcado por relações de poder. Procuramos também comprovar a hipótese de que as mudanças no campo linguístico não só refletem como são decorrentes de alterações na estrutura sócio-histórico-ideológica, o que, inevitavelmente, gera resistência por parte de quem quer que as estruturas hegemônicas de poder mantenham-se inalteradas. No caso da pesquisa por nós realizada, o que seria um simples fato gramatical, isto é, a flexão de gênero no vocábulo nominal português, quando levados em consideração os comentários acerca da Lei 12.605, deixa entrever valores sociais que podem servir, como pano de fundo, para uma reflexão maior acerca do que é, ideologicamente, construído em nossa sociedade como próprio do feminino e do masculino e de quais são os espaços, inclusive linguísticos, que competem, socialmente, a homens e mulheres. Por fim, reiteramos que a própria Lei 12.605, bem como os discursos a favor ou contrários a ela, a nosso ver, são eventos que apontam para as paulatinas modificações no rígido sistema sexo-gênero em que se assenta a nossa sociedade. |
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