Da urgência ao hospital: fluxo e regulação para internação em hospitais psiquiátricos

Abstract

No contexto da Reforma Psiquiátrica, discute-se o papel e a eficácia da atual política de Saúde Mental, ancorada nos princípios de humanização e respeito ao usuário dependente químico e/ou portador de transtornos mentais. Neste panorama, defende-se a progressiva substituição dos hospitais psiquiátricos por redes comunitárias, como os Centros de Atendimento Psicossocial, ambulatórios de saúde mental e serviços de emergência psiquiátrica. Os serviços de emergência, em especial, são unidades de saúde que realizam atendimento de emergência a pessoas com quadros de distúrbio de comportamento, pensamento ou emoção que necessitam de atendimento médico imediato, com vistas a evitar prejuízos à saúde psíquica, social e física. É neste cenário que o presente trabalho foi desenvolvido, objetivando analisar, no período de tempo de três meses, o fluxo de regulação para internação em hospital psiquiátrico a partir de uma unidade de urgência psiquiátrica da cidade de João Pessoa. Para tanto, foi realizado um estudo de cunho quantitativo, caracterizado como descritivo e documental, a partir das fichas de encaminhamento e regulação para internação em hospital psiquiátrico. Dentre os dados colhidos nestes documentos estão: mês da regulação, sexo, idade, município de residência, zona geográfica (quando residente na cidade de João Pessoa) e avaliação clínica. A partir dos resultados obtidos, é possível verificar o perfil demográfico do usuário do serviço, bem como as demandas médicas/psiquiátricas responsáveis por internação psiquiátrica. De forma geral, tratam-se de usuários do sexo masculino, com idades variando de 30 a 59 anos, oriundos da cidade de João Pessoa, especialmente da zona sul do município, internos em hospital psiquiátrico devido à ocorrência de transtorno mental, agitação psicomotora e agressividade e uso de drogas ilícitas. Os resultados são discutidos à luz da importância de políticas públicas efetivas, visto que tais dados refletem a realidade de um grupo historicamente segregado e excluído do convívio social. Espera-se que os resultados obtidos possam colaborar para o empoderamento destes indivíduos e construções de redes que fomentem a integralidade do atendimento em saúde mental.