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A escrita de Reinaldo Arenas (1943-1990) é a de quem sobrevive - não por medo, menos por missão, mas por exílio como sentimento de uma utopia vital de libertação. O poeta sonha em libertar-se em um lugar que sabe, ao mesmo tempo que desconhecido, sem tempo e imanente. Em Celestino antes del alba (1964) e em Antes que anochezca (1992), Reinaldo não tem de recuperar-se de ofensas, tem no dia de uma tragédia a libar da hybris de fazer-se quem ele é - um ultraje, um escândalo, um contestador perigoso, um vicioso escritor? Nesse dia inteiro de memórias, a serem libadas, dignas e belas de serem contadas e de serem vividas, o autor nos chama a comemorar a autobiografia dessa sua sobrevivência ingente - a muitas e a diversas formas de opressão. Contra a violência, ele se insurge - não com estratégia ou com tática, não a arrimar um bom front de sentidos e de profundos ideais, mas como quem goza de saber o que tem a viver, sem precisamente importar como, onde ou com quem. Exilado de seu tempo e de sua história, o autor constrói um sentido muito verdadeiro para os seus dias, trazidos com o melhor do que se pode gozar e com o mais que se deve sofrer |
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