Resumo:
O crescimento exponencial da população, aliados à produção indiscriminada de resíduos sólidos causa riscos ao equilíbrio ambiental e compromete a saúde pública. Ao passo que é considerada como um dos problemas ambientais mais preponderantes na atualidade, a geração e o manejo destes resíduos constituem uma das grandes problemáticas a serem enfrentadas pelos municípios brasileiros. O presente estudo teve como objetivo principal identificar a biodiversidade vegetal em dois ambientes de lixões desativados, nos municípios de Gurjão- PB (L1) e Boa Vista- PB (L2). A coleta dos dados ocorreu em quatro etapas e caracterizou-se como ´pesquisa qualitativa, do tipo exploratória, no período de janeiro a abril de 2017. Foram realizadas visitas in loco, observações diretas, registros fotográficos e aplicado o checklist. Foram, como esperado, verificados diversos impactos negativos, dentre os quais: poluição do solo, ar e água, redução da biodiversidade nativa, desmatamento, presença de vetores de doenças, infiltração do chorume no solo, desvalorização imobiliária no entorno dos lixões, compactação do solo, erosão do solo e odor fétido. Através da aplicação do método de amostragem (parcela normal), foram identificadas em L1, 13 espécies, em três parcelas: Prosopis juliflora (algaroba), Jotropha molíssima (pião bravo), Croton sonderianus, (marmeleiro), Mimosa hostilis (jurema), Bromelia laciniosa (macambira), Opundia palmadora (palmátoria), Aspidosperma pyrifolium (pereiro), Calotropis procera (algodão de seda), Malva sylvestris (malva), Cleome hassleriana (mussambê), Pilosocereus pachycladus (facheiro), Jatropha urens (urtiga), e Pilosocereus gounellei (xique-xique), pertencentes a sete famílias diferentes, este ambiente está desativado aproximadamente dez anos. Em L2, foram verificadas sete espécies: Prosopis juliflora (algaroba), Colotropis procera (algodão de seda), Nicotiana glauca (charuteira), Jatropha gossypiifolia (pinhão roxo), Jatropha urens (urtiga), Pilosocereus gounellei (xique-xique) e Ricinus communis (mamona), pertencentes a cinco famílias distintas, com menor tempo de desativação apenas quatro anos. No geral, nos fragmentos estudados, registraram-se nas áreas (L1, L2), um total de 16 espécies, distribuídas em oito famílias: Fabaceae, Euphorbiaceae, Bromeliáceae, Cactaceae, Apocynaceae, Malvaceae, Capparaceae e Solanaceae. Desse total, sete espécies são reconhecidas como nativas da flora brasileira: marmeleiro, jurema, macambira, palmatória, pereiro, facheiro, xique-xique. E nove são consideradas exóticas naturalizadas: algaroba, algodão de seda, malva, mussambê, urtiga, charuteira, mamona, pinhão bravo e pinhão roxo. Para minimizar os danos ambientais é necessário que a área degradada seja recuperada, com o plantio de espécies nativas no local, observando-se os princípios da sucessão ecológica, visando à recomposição original da área. Nesse sentido, Educação Ambiental mostra-se enquanto instrumento indispensável, por promover a sensibilização da população. Em função dos resultados encontrados, comprovou-se que existe biodiversidade vegetal em ambientes de lixões desativados em municípios do semiárido paraibano e esta biodiversidade está contribuindo de forma significativa para a recuperação desses ambientes.