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A criação de aves silvestres é uma prática comum no semiárido paraibano, embora seja uma prática clandestina. Pouco se sabe sobre a dieta dessas aves mantidas em cativeiro e seus aspectos reprodutivos. Isso evidencia a necessidade de estudos etnozoológicos, os quais podem fornecer informações importantes sobre esses aspectos, que tem implicações conservacionistas e para o bem-estar animal. O objetivo deste trabalho foi investigar as espécies de aves silvestres que são mantidas como animais de estimação (pets) por criadores e comerciantes locais da cidade de Santa Luzia-PB, região semiárida do Nordeste do Brasil, enfocando aspectos da dieta e reprodução desses animais em cativeiro. A coleta de dados consistiu na aplicação de questionários semiestruturados e registros fotográficos. Um total de 643 residências da cidade foram pesquisadas, das quais 46 tinham criadores de aves silvestres, correspondendo a uma porcentagem de 7,15% dos participantes. Foram registradas 102 espécimes da avifauna criadas como animais de estimação, as quais correspondem a 26 espécies distribuídas em nove famílias e três ordens. Passeriformes foi a ordem mais expressiva, representando 69,2% do total de espécies registradas, seguida dos Psittaciformes com 19,2%. Sobre a motivação de criação destas aves, a maioria (45,7%) justificou como animal de companhia. Os principais componentes da dieta das aves criadas são as sementes (22,8%). Sobre a reprodução das aves registradas, o conhecimento dos criadores foi escasso, pois, geralmente possuíam em cativeiro apenas macho ou fêmea, sendo o macho registrado com maior frequência nas residências, possivelmente devido as suas qualidades canoras e de plumagem. Estes resultados sugerem que na cidade de Santa Luzia-PB, ocorre uma frequente utilização de espécies da avifauna como pets, sendo esta prática intimamente ligada ao contexto sociocultural e econômico dos habitantes locais. Além disto, esta prática possivelmente contribuiu para que os criadores detivessem um conhecimento etnoornitológico sobre a dieta destas aves, muitas vezes compatível com o conhecimento científico. Espera-se que os resultados subsidiem a elaboração de planos de manejo para conservação das espécies de aves do Nordeste do Brasil que incluam as comunidades locais. |
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