Resumo:
José de Alencar é considerado por nossa crítica e historiografia literárias como o primeiro grande romancista de nossa literatura. Sua obra insere-se no período literário do Romantismo e contribui para esta corrente com uma produção cuja grande parte marca-se por amadurecimento literário, suas narrativas ganham relevância substancial no que se refere à tematização de problemáticas concretas da sociedade brasileira do século XIX. Para Antonio Candido (2000) e Alfredo Bosi (2006), essa fase amadurecida e problematizadora da sociedade brasileira em muito se caracteriza por aquele conjunto de narrativas a que se denominou Perfis de mulher. Esse conjunto de narrativas trata de representar as relações sociais em que se veem inseridas as mulheres pequeno-burguesas do universo urbano carioca. No romance sobre o qual propomos a presente leitura interpretativa, Senhora, certo idealismo romântico e pelo nativismo indianista. Mais tarde, com o publicado em 1875, são deslindados os processos de ambivalência que marcam essa sociedade burguesa carioca nos fins do Império. A narrativa trata do casamento por interesse econômico e do empoderamento feminino no centro dessa sociedade ainda muito marcada pelo patriarcalismo, em que as mulheres viviam confinadas em destinos sociais bastante limitados (XAVIER, 1998). O objetivo do nosso trabalho é aventar a leitura desse romance segundo a perspectiva do empoderamento feminino numa cultura ainda marcada pelo exclusivo poder masculino, seguindo na esteira da sugestão de Helena Bocayuva (2007), cuja interpretação das personagens femininas na obra alencariana dos perfis de mulher não pode conduzir à apreensão do feminino como lugar do inferior na sociedade.
Descrição:
AMÂNCIO, D. S. Para uma análise da configuração do feminino em Senhora, de José de Alencar. 2017. 29f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Letras/Português)- Universidade Estadual da Paraíba, Monteiro, 2017.