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Viver o presente é o imperativo da sociedade contemporânea, o corpo tornou-se o objeto de culto do indivíduo, o investimento, anteriormente voltado para o espaço público, agora tem como alvo o espaço privado e livrar-se de tudo o que possa ser degradante à imagem da beleza. Esse é o novo estágio do individualismo o qual é denominado ―Narcisismo‖ por Gilles Lipovetsky (2005). A Psicanálise, que tem como precursor Sigmund Freud, afirma que narcisista é o indivíduo que tem o seu corpo como um objeto de desejo, nele há um amor excessivo por si próprio. Machado de Assis (1839-1908), um escritor de obras atemporais e passíveis de identificação, nos apresenta o conto ―Uma Senhora‖ (1884), cuja personagem vive a angústia de ver o seu corpo envelhecer, então luta para impedir as adversidades temporais que possam denegrir a sua beleza e acabar com a sua juventude. É nesse ponto que esta produção tem a sua principal reflexão: se, embora a narrativa seja datada em meados do século XIX, é possível que o drama vivenciado pela personagem Camila, a angústia e o medo do envelhecimento continue ressoando e se constituindo o mesmo dilema dos seres humanos da contemporaneidade. Para responder essa questão o objetivo deste trabalho é analisar se os conflitos vivenciados pela personagem do conto em pleno século XIX apresentam similaridades com o narcisismo contemporâneo. Para alcançar o objeto, o referencial teórico principal terá Sigmund Freud, com suas considerações sobre a origem do Narcisismo; E o filósofo Gilles Lipovetsky, com uma concepção contemporânea do Narcisismo. Assim como o indivíduo descrito por Lipovetsky, a personagem Camila demonstra o mesmo temor do futuro e o hiperinvestimento em seu corpo, porém no sujeito contemporâneo o Neonarcisismo se atualiza e além dos limites do corpo, o estado narcísico se expande à psique. |
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