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A Literatura de Cordel é de fundamental importância para a identidade popular do povo nordestino, pois é capaz de veicular valores histórico-sociais e de se constituir como portadora de representações características do povo sertanejo. Este trabalho pretende apreender como a Literatura de Cordel retrata a cachaça e como se definem as figuras que o imaginário do poeta popular escolheu para lhe conferir identidade. A constatação de que a representação cordelística da cachaça ainda é pouco trabalhada nos meios acadêmicos sugeriu-nos este trabalho, que consiste num um estudo de caso. Para isso, constituímos nosso corpus a partir de dois folhetos de cordel contemporâneos, dos quais recortamos sequências discursivas e analisamos segundo as representações feitas da cachaça, particularmente sob a ótica dos ciclos temáticos do Cordel contidos na obra de Albuquerque (2011) e Sobrinho (2003), segundo os quais, tais temáticas, de tão recorrentes, acabam gerando ciclos de abordagem autônomos, como é o caso da cachaça. Os Cordéis são: A Peleja do Fígado Valente com Mané Cachacinha, de Sávio Pinheiro, e Discussão de um crente com um cachaceiro, de Vicente Vitorino Melo. Ambos registram elementos que compõem as condições de produção e oferecem respostas a pressupostos que são levantados acerca da representação da cachaça, dentre os quais, alcunhas pejorativas que lhe adjetivam. Adentramos pela história do cordel e da cachaça, identificando a relação de ambas com a cultura popular nordestina, escavando as raízes do preconceito, da exclusão e da ausência da cachaça nos estudos literários. De antemão, constatamos na ideologia da comunidade sertaneja que a figura da cachaça está atrelada à figura do cachaceiro, e ambos fazem alusão ao alcoólatra, ou aquele indivíduo improfícuo que está à margem da sociedade, excluído de suas exigências econômicas. |
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