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O tecido muscular sofre adaptações em decorrência do uso ou do desuso excessivo. O desuso do tecido muscular pode ser decorrente de lesões neurológicas que causam paralisias ou da imobilização, comumente usada como recurso terapêutico no tratamento de lesões ortopédicas diversas. As adaptações sofridas pelo tecido muscular durante a imobilização podem ser influenciadas pelas variáveis: tempo e posição do membro imobilizado. O objetivo deste trabalho é avaliar o possível potencial mutagênico da imobilização, através do teste de micronúcleo in vivo, bem como as alterações morfológicas dos músculos gastrocnêmios do membro posterior esquerdo dos camundongos machos submetidos ao período de 21 dias de imobilização, em ambas as posições de flexão plantar e flexão dorsotibial. Os animais foram divididos em seis grupos: I- Imobilização da pata traseira esquerda por 21 dias em posição de flexão plantar (IMPE21dFP), II- Imobilização da pata traseira esquerda por 21 dias em posição de flexão dorsotibial (IMPE21dFD), III- Grupo controle negativo/flexão plantar (GC- FP), IV- Grupo controle negativo/ flexão dorsotibial (GC-FD), V- Grupo Controle Positivo (GC+), VI- Grupo controle (GC). Os pesos corpóreos dos animais foram registrados ao início e término do experimento. O sangue foi coletado no primeiro e último dias de imobilização, e ao término dos períodos de imobilização, os animais foram sacrificados e os músculos gastrocnêmios foram extraídos, pesados em balança digital, medidos com paquímetro digital e processados para inclusão em blocos de parafina para obtenção de cortes transversais e longitudinais para análise em microscopia de luz. Na análise morfológica foram analisados o epimísio, perimísio, endomísio, vasos sanguíneos e miócitos. A partir do sangue coletado, foi realizada a contagem de micronúcleos e estabelecida a relação de toxicidade da imobilização. Constatou-se que a imobilização por 21 dias em ambas as posições, desencadeou atrofia muscular bem evidente, mediada por aumento de tecido conjuntivo tanto no endomísio, quanto no perimísio. As fibras mostraram-se com morfologia alterada. Os animais imobilizados apresentaram menor aumento do peso corpóreo entre o primeiro e o último dias de imobilização, em comparação com o grupo controle. Os animais imobilizados em ambas as posições também apresentaram redução do peso, largura e espessura dos músculos gastrocnêmios, em comparação ao grupo controle. Além disso, nos grupos imobilizados observou-se um discreto aumento na frequência de micronúcleos, em comparação aos respectivos grupos controles negativos, indicando que a imobilização pode ser considerada como um fator de estresse com potencial mutagênico, embora neste tempo de imobilização utilizado no presente estudo, esta diferença não tenha sido estatisticamente significante. Portanto, a imobilização acarreta alterações histológicas evidentes e influencia na frequência de micronúcleos. |
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