Língua, cultura e identidade: a construção da nordestinidade no facebook

Abstract

Neste trabalho, analisamos algumas postagens presentes na fanpage “Nordestinos” da rede social Facebook, página virtual que comporta aproximadamente 2.000.000 usuários. Nosso propósito é analisar se as expressões linguísticas presentes nas publicações da página representam uma imagem do que é ser e falar como um nordestino através da língua e cultura (em ultima instância). Inscrevemo-nos na perspectiva da Semântica de Contextos e Cenários (FERRAREZI JUNIOR, 2010) de caráter interdisciplinar ao propor uma análise da língua que a considere em seus diferentes aspectos – não apenas linguísticos, mas também sociais, culturais e históricos –. Construímos um arcabouço teórico que reconhece as diferentes áreas que contribuem para a nossa investigação. Deste modo, podemos destacar alguns estudos como os de Dorne (2009) e Ferrarezi (2010) sobre a Semântica e Semântica de Contextos e Cenário, Carvalho (2008) e Santos (1987) sobre cultura e identidade, e Chartier (2002) sobre a representação cultural. Os aspectos linguísticos (lexicais, semânticos e fonológicos) foram importantes para que a língua pudesse ser analisada através destes fatores como um elemento que representa e identifica os falantes pelo modo de como é representada na Internet, neste caso no Facebook. Concluímos que a página virtual mencionada procura revelar, em suas publicações, palavras e expressões linguísticas reconhecidas por uma grande parte dos nordestinos, e outros elementos que podem representar a cultura nordestina, tais como: turismo, comidas, costumes, música, entre outros. Essas publicações podem contribuir para que os usuários dessa página se reconheçam e se identifiquem em algum desses aspectos linguísticos e culturais, divulgados e atribuídos aos nordestinos. Contudo, pudemos perceber que a fanpage além de representar a língua dos falantes nordestinos, cria uma falsa sensação de homogeneidade linguística, ou seja, dentre as publicações analisadas é possível perceber que há uma generalização no modo de fala dessa região, como se todos os nordestinos utilizassem as palavras e as expressões contidas nas postagens, porém devemos lembrar que a língua varia, e dentre essas variações, está presente a variação em uma mesma região.