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O presente trabalho tem como leitura/loucura a partir da obra El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de la Mancha, com principal objetivo abordar as noções de vistas a pensar a educação atual. Na concepção de Miguel de Unamuno, na sua obra intitulada Vida de Don Quijote y Sancho Panza (1945), a loucura que geralmente se atribui ao protagonista Don Quijote não é real, mas existe na sociedade da época em que ambos os livros (o de Cervantes e o de Unamuno) foram escritos. Para Unamuno, a obra de Cervantes é considerada a Bíblia Nacional Espanhola, talvez pelo fato de que todas as vezes que a lemos sempre surge algo novo, além, é claro, de trazer muitos aspectos religiosos e por poder inspirar outros “Quijotes”, capazes de saírem pelo mundo lutando pelo amor e pela justiça. A obra cervantina, El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de la Mancha (2004), apesar de datada do século XVII, mostra-se extremamente atual, vemos que a “loucura” da sociedade não é de hoje, mas de séculos passados. Nas interpretações mais tradicionais da obra vemos muitas vezes que o protagonista é tido como louco, mas na obra de Unamuno ele mostra exatamente o contrário, que a loucura está na sociedade e a lucidez está em Don Quijote, ele vê além das aparências, vê o que os outros não são capazes de enxergar, mostra a essência das pessoas, sendo visto como “luz y espejo de toda la caballería andante” (CERVANTES, 2004, p. 10). Quijote mostra que é capaz de fazer o que deseja e não o que a sociedade impõe. Tendo como base a obra Vida de Don Quijote y Sancho Panza (1945) de Miguel de Unamuno, também é possível perceber o quanto esta deixa clara a sua importância na área da educação, importante pelo fato de mostrar o quanto a leitura, a literatura, são importantes na nossa formação, o quanto ela nos faz perceber um mundo diferente do que observamos quando não a temos como nossa aliada. Poderemos perceber o quanto a obra cervantina se aproxima das ideias dos educadores, a exemplo de Freire, Mosé, Lajolo, que estão presentes neste trabalho, dentre outros educadores, o quanto ela está presente nos dias atuais. Na obra de Cervantes ele mostra que Don Quijote perdeu o juízo por conta dos livros de cavalaria, porém o que acontece com o protagonista, segundo Unamuno, é que ele abre os olhos, deixa de ser cego, não pelo fato de reproduzir o que está nos livros, mas de criar coisas novas, de ter nos livros um ponto de partida para sua “loucura”, loucura segundo os padrões sociais tradicionais. Afinal, quem considera são aquele que sai sem nada, praticamente em busca de aventuras que lhe permitam conquistar eternidade (eterna fama) e “consertar” o mundo? Por isso a defesa unamuniana de se criar mais Quijotes, capazes de lerem criativamente (relendo a si mesmos e ao mundo) e a partir daí lançar-se à vida em favor de algo maior. |
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