Resumo:
Este estudo objetivou avaliar o perfil sócio demográfico e o acesso ao diagnóstico dos doentes de tuberculose (TB) tratados no Ambulatório de Referência (AmbR) do município de Campina Grande/PB, no período de março a maio de 2010. METODOLOGIA: estudo descritivo, inquérito para avaliação de Serviços de Saúde (SS), com abordagem quantitativa, privilegiando-se as dimensões sócio demográficas e acesso ao diagnóstico. Os dados foram analisados no programa estatístico SPSS. 13 para quantificar as médias da dimensão acesso ao diagnóstico, analisadas através da escala de Likert, e frequências da dimensão informações sócio demográficas, em seguida foram transportados para o Microsoft Excel 2007 para construção dos gráficos. RESULTADOS: dos participantes do estudo, 52,9% eram do sexo masculino; 64,8% estavam na faixa etária 18-39 anos de idade, 14,7% tinham entre 40-50 anos e 20,6% estavam acima dos 51 anos. Quanto a escolaridade 8,8% não possuíam nenhum nível de estudo, 61,8% tinham baixa escolaridade (ensino fundamental incompleto ao ensino médio incompleto). 58,8% residiam com quatro pessoas ou mais, 38,2% moravam com duas a três pessoas; 44,12% foram diagnosticados em hospitais públicos ou conveniados ao SUS, 32,35% no AmbR, 11,76% em serviços particulares e 8,82% em serviços de atenção primária. Identificou-se, ainda que 44,1% buscaram o SS apenas uma vez para conseguir o atendimento, 20,6% por duas vezes, 14,7% três vezes e 17,6% procuraram o SS por cinco ou mais vezes. Em relação à dificuldade para se deslocar até a unidade de saúde o indicador é regular (média: 3,71; DP – 1,244; IC 95% [3,27-4,14]). Quanto à busca, do doente, pela unidade de saúde mais próxima à residência o índice é insatisfatório (média 2,56; DP – 1,521; IC 95% [2,03-3,09]). Os doentes perderam o dia de trabalho para ir se consultar na unidade de saúde no início dos sintomas, verificando-se índice regular (média: 3,29 e DP – 1,426; IC 95% [2,80-3,79]), utilizando meio de transporte motorizado (média – 2,03; DP – 1,605; IC 95% [1,47-2,59]), tendo que pagar por esse artifício (média – 2,35; DP – 1,739; IC 95% [1,75-2,96]). Em relação à consulta para descobrir a doença no prazo de 24 horas, constatouse índice regular (média: 3,74; DP – 1,377; IC 95% [3,25-4,22]). CONSIDERAÇÕES FINAIS: O doente de TB apresenta características próprias, muitas vezes desfavorável à sua condição de saúde, tornando-o mais vulnerável. O conhecimento dos aspectos sócio demográfico dos doentes de TB compreende ferramenta de combate à disseminação da doença, pois permite direcionar a atuação profissional no sentido de prevenir e minimizar os riscos de contágio, tendo estes aspectos implicação direta no acesso ao diagnóstico, pois características inerentes ao sujeito podem constituir barreiras no acesso ao cuidado, contudo vale ressaltar que os SS têm papel fundamental no controle da doença, uma vez que a própria organização dos serviços podem impor obstáculos ao acesso do doente ao diagnóstico, podendo incidir na motivação do indivíduo pela busca da assistência.