Resumo:
O trabalho objetivou analisar a qualidade das águas utilizadas na comunidade de loiceiras de Chã da Pia, no município de Areia/PB. O universo amostral foi de 10 famílias (25% da população de loiceiras). A pesquisa, organizada em sete etapas (escolha da comunidade, aproximação, entrevista/aplicação de questionário semiestruturado, acompanhamento, coleta das amostras de água, análise da qualidade da água, visita ao posto de saúde e coleta de dados de casos de diarreia). Os resultados mostraram que as famílias possuem em média cinco membros, ausência de crianças menores de cinco anos. Dos chefes de família (idades entre 46 - 67anos), 40% não são escolarizados e 60% não concluiram o ensino fundamental. A renda familiar variou de um a três salários mínimos; a ocupação é a agricultura de subsistência nas épocas de chuvas e a produção de peças de barro nasestiagens. As únicas fontes de água disponíveis na seca atual (com duração de mais de quatro anos) são as distribuídas pela operação pipa coordenada pelo exercito, outras por carros pipa das prefeituras e por pipeiros particulares. Essas águas são armazenadas nas cisternas e em potes no interior das residências para os usos múltiplos (higiene, beber, cozinhar, limpeza do lar, produção das cerâmicas). Ocorrem chuvas esparsas que acumulam água nas pias (depressões nos lajedos) e são fontes alternativas para os usos menos nobres (dessedentação animal e fabricação de peças de barro). A qualidade da água mostrou a maioria das variáveis físico-químicas dentro do valor permitido pela Portaria2914/2011-MS, exceto cloro residual livre (ausente em todas as amostras) que deveria ser mantido entre 0,5 a 2 mg.L^-1 e a qualidade microbiológica, com a presença de bactérias coliformes e E.coli indicando contaminação fecal (devem estar ausentes das águas para consumo humano). A contaminação da água das cisternas deve-se ao manejo não higiênico da água e à ineficiências ou não aplicação das barreiras sanitárias, falta de desinfecção dessas águas ou uso inadequado do hipoclorito de sódio distribuído pelo SUS no ponto final de consumo. Os dados sdos casos de diarreia forne4cidos pela Unidade Básica de Saúde evidenciaram poucos casos no período de 2013 a 2015 com óbito de uma criança menor de 2 anos. Foram elevados os registros de solicitação de solução de hidratação oral nos três os anos feitas por adultos, mas não existem registros se foram utilizadas por adultos ou por crianças nos domicílios. É possível supor uma relação entre qualidade das águas e doenças entéricas na comunidade, mas faltam registros confiáveis que corroborem essa relação. É necessário que seja intensificada a fiscalização dos órgãos responsáveis pela distribuição de água da qualidade das águas, com uma ação mais forte e decisória das secretarias de saúde. As famílias, por sua vez, devem receber informações dirigidas à sua apropriação do conceito água-higiene-saúde para que incorporem práticas higiênicas no manejo de suas águas na rotina de todos os dias. Agentes comunitários de Saúde e Agentes de Vigilância Ambiental para a Saúde deveriam ser os responsáveis por dessa ação durante as visitas mensais que realizam ás famílias.
Descrição:
GOMES, I. Qualidade das águas utilizadas pelos loiceiras da comunidade de Chã da Pia em períodos de seca. 2016. 87f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2016.