A poesia de Jessier Quirino: a variação que vemos e a variação que esquecemos de ver

Abstract

O presente artigo, motivado pelas questões de pesquisa. Como a variação linguística aparece nos poemas de Jessier Quirino? Como a poesia de Jessier Quirino se apropria da variação linguística como elemento estruturador? Tem por objetivo: investigar os tipos de variação linguística presentes nos poemas de Jessier Quirino, a fim evidenciar as marcas da oralidade e da identidade cultural do Nordeste brasileiro. E, de modo específico, i) Analisar, especificamente, as variações linguísticas características do falar nordestino; ii) identificar as marcas da oralidade presentes nos textos literários em análise; e iii) possibilitar uma reflexão em torno do preconceito linguístico em relação ao léxico utilizado pela população interiorana. Para tanto, adota os procedimentos metodológicos de natureza qualitativa (BORTONI-RICARDO, 2008) e a sistematização da pesquisa documental (SEVERINO, 2007), tendo por corpus poemas do artista Jessier Quirino. A análise dos dados fundamenta-se nas contribuições de Bortoni-Ricardo (2004) e Mollica (2015) sobre a abordagem sociolinguística, bem como em Ilari e Basso (2009), Bezerra (2013) e nos Parâmetros Curriculares de Ensino de Língua Portuguesa (1998) sobre o tratamento da variação linguística. Os resultados desta investigação indicam que o poeta apropria-se do fenômeno da variação para evidenciar a fala nordestina, valorizando a cultura do nordestino, revalorizando os dizeres, a sabedoria popular e o humor, que na maioria das vezes, são vistos como motivos de vergonha pelos próprios nordestinos.