Resumo:
O presente trabalho analisa o cotidiano do Engenho Buraco D´água (Alagoa Grande-PB), a partir das primeiras décadas do pós- abolição, através das memórias de uma descendente de escravos que viveu neste Engenho. Onde identificamos evidências da existência de resquícios de práticas escravistas que se sustentaram com base em nova concepção de relação de poder do senhor de engenho e seus subjugados. A ideologia paternalista surgida ainda no momento em que os escravocratas enxergaram a evidente crise do sistema escravista se manteve no pós-abolição, neste engenho. A memória narra formas de resistência que abriram espaço para algumas concessões e práticas culturais afro-brasileiras. Em meio a estratégias de controle se configuram as astúcias, táticas (CERTEAU, 2007), de uma família negra, tornando menos difícil a vida dos seus descendentes que, mesmo livres, continuaram vivendo essa relação dicotômica. Nesse sentido é necessário compreender como se estabeleciam as relações entre senhor de engenho e seus subjugados; pensar o sentido de liberdade nesse espaço, de continuidade escravista, ressignificado a partir da concepção paternalista. Usamos a concepção de História oral (ALBERTI, 2005), como história de vida, tendo em vista que as narrativas contribuem para uma (re) leitura das práticas e das memórias dos afrodescendentes.
Descrição:
REIS, M. R. A. dos. Tecendo os fios da memória do pós-escravidão: narrativas de uma afrodescendente (Engenho Buraco D‟água -Alagoa Grande –PB). 2012. 64f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em História) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2012.