Resumo:
A MPS tipo I é uma doença hereditária, rara, de caráter autossômico recessivo e progressiva, causada por mutações no gene IDUA que resultam na deficiência da enzima α-L-iduronidase, provocando o acúmulo de GAGs em órgãos e tecidos e causando manifestações clínicas multissistêmicas. Mesmo sendo caracterizada como uma doença rara, a Paraíba apresenta um número elevado de pacientes, além de possuir altas taxas de uniões consanguíneas em alguns municípios. O objetivo desse estudo foi identificar o perfil genético-epidemiológico e o índice de consanguinidade dos pacientes com MPS tipo I na Paraíba. Trata-se de uma pesquisa quali- quantitativa, descritiva, realizada a partir da análise de prontuários dos pacientes acompanhados no HUAC, além de entrevista com os pais para a análise genealógica da família. A prevalência e a incidência da doença no estado são de aproximadamente 1:660.000 e 1:790.000 nascidos vivos, respectivamente. Dos pacientes analisados, 67% são mulheres e 33% homens, dois pacientes são irmãos com os mesmos genitores. A idade média apresentada é de 10,8 (desvio padrão de ± 4,9). Quanto à procedência, observou-se que 83% residem na mesorregião do Sertão, enquanto que 17% no Agreste paraibano, sendo 67% dos casos provenientes de zonas rurais e 33% de zonas urbanas. Foi constatado que todas as famílias apresentam algum grau de parentesco, elevando o coeficiente médio de endogamia (F=0,0281). A mutação c.1598C>G (p.P533R) está presente em 100% da amostra, sendo 83,3% em homozigose; a segunda mutação verificada em 16,7% foi a c.1262T>C (p.L421P), em heterozigose. Verificou-se que as manifestações clínicas da doença variam entre os pacientes, sendo as mais frequentes: alterações esqueléticas e hérnia umbilical, no entanto, atraso no desenvolvimento psicomotor e perda total da visão também foram mencionados. A partir dos sintomas clínicos apresentados no diagnóstico, foi verificada a possibilidade de associação do genótipo com o fenótipo da doença através do Teste Exato de Fisher. As informações genéticas e epidemiológicas deste estudo irão promover um conhecimento mais aguçado dos pacientes e suas respectivas famílias, além dos resultados endossarem a relação da consanguinidade com a incidência da MPS tipo I no estado e a necessidade de divulgar informações a respeito dessa doença, por meio de políticas públicas de saúde, como a oferta de aconselhamento genético, principalmente, para regiões com altas taxas de endogamia.
Descrição:
SILVA, R. F. da. Mucopolissacaridose tipo I: Perfil genético-epidemiológico e análise de consanguinidade de pacientes no estado da Paraíba. 2017. 50f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2017.