Dois pesos, duas medidas: duas mulheres, dois discursos

Abstract

O presente estudo intitulado “Dois pesos, duas medidas: duas mulheres, dois discursos” objetiva analisar a representação feminina das matérias das revistas IstoÉ e Veja que tratam, respectivamente, do enfoque às mulheres Dilma Rousseff e Marcela Temer. Cabe destacar que, enquanto Dilma Rousseff é alvo central no processo de impeachment, Marcela Temer é envolvida indiretamente por ser esposa do vice-presidente Michel Temer. Ademais, é valendo-se na representação feminina dessas mulheres nas matérias das revistas em análise que são apontadas as seguintes problemáticas: quais aspectos as separa, o que as une, o porquê da diferença de tratamento entre uma e outra dias antes e depois da votação do processo pela admissibilidade do impedimento na câmara dos deputados, quais os papéis sociais desempenhados por elas. É sabido que, ao longo da história, à mulher foi atribuída uma série de estigmas e restrições. A solidificação social da hegemonia masculina está ancorada historicamente através do machismo que preconiza a ideologia de que a mulher é inferior ao homem e destinada somente as atividades específicas como as domésticas, reservada a esfera privada. Apesar dos avanços conquistados pelo mulherio através dos movimentos feministas, não se pode negar a recorrência de um padrão tradicional do papel social de mulher através dos valores do casamento, maternidade, cuidado com a beleza e a feminidade. Para tanto, a referida pesquisa é centrada na abordagem teórico metodológica de Fairclough de análise crítica do discurso (ACD), a partir do tripé das instâncias sócio discursivas: Texto/prática discursiva/ prática social. A teoria fairclougiana parte do discurso como princípio para a investigação das mudanças discursivas e social. No que tange aos arcabouços teóricos, temos as leituras suplementares dos textos de Beauvoir (1967), Miguel e Biroli (2014), Wolf (2012) sobre a construção social do feminino e os feminismos, dentre outros. Nesse sentido, podemos perceber a construção hegemônica dos discursos ideológicas no corpus quando implica à Marcela uma noção de ―mulher ideal‖, enquanto Dilma Rousseff é desqualificada emocionalmente.