dc.description.abstract |
Este trabalho analisa a abordagem dos pronomes oblíquos átonos feita por Gramáticas Normativas de Referência
(GNR), em particular Cunha & Cintra (1985) e Bechara (1999), e Gramáticas Brasileiras Contemporâneas do
Português (GBCP), sendo elas: Neves (2000), Perini (2010) e Bagno (2012). A pesquisa apresenta como
objetivos primordiais: analisar e sistematizar as descrições realizadas pelas GNR e GBCP envolvendo o aspecto
morfossintático citado anteriormente e averiguar até que ponto as GBCP se aproximam ou se distanciam das
GNR. Se situa no campo teórico-metodológico da Linguística Aplicada de caráter transdisciplinar (MOITA
LOPES, 2006), no sentido de que não busca limitar seu corpo teórico, mas procura estabelecer relações
disciplinares, a fim de criar inteligibilidade sobre problemas sociais em que a linguagem tem um papel central. A
metodologia de pesquisa aponta para um trabalho de natureza qualitativa e interpretativa, que se opõe à pesquisa
quantitativa, pois se preocupa com a interpretação do fenômeno linguístico. Para analisar os instrumentos
gramaticais supracitados foram estabelecidas algumas categorias de análise: texto de apresentação das obras,
localização e organização da(s) seção(ões), natureza dos dados linguísticos, categorias e conceitos utilizados e
descrição/prescrição gramatical. E, em especial para as GBCP, foram erguidas mais duas categorias: constituição
do arcabouço teórico e continuidades e rupturas com a tradição gramatical. As análises empreendidas nesta
pesquisa atestam que, enquanto as GNR colaboram para a manutenção da norma-padrão, conservam um
português que tem como base a cultura lusófona, tomam a escrita literária como dado linguístico para
exemplificar o assunto e prescrevem regras acerca do aspecto morfossintático analisado, as GBCP apontam e,
consequentemente, defendem um ensino reflexivo de gramática, partem dos usos reais e autênticos do português
brasileiro, discutem, refutam e dialogam com diferentes propostas teóricas, e apresentam diferentes dados
linguísticos para fundamentar as descrições gramaticais. Todavia, as GBCP não apresentam somente traços de
ruptura; o estudo indica também que há pontos de continuidade: a forma de organizar a seção de colocação
pronominal, em especial em Neves (2000) e Perini (2010), e a divisão de língua escrita e falada realizada por
Perini (2010). Em suma, as GBCP representam uma nova forma de abordar os conteúdos gramaticais, e não
somente isso, como também militam a favor da instauração e manutenção da abordagem de um português
brasileiro autêntico. |
pt_BR |