Resumo:
O objetivo deste trabalho consiste em realizar uma breve análise crítica interpretativa acerca do
conto ‘’Pílades e Orestes’’ (1906), de Machado de Assis, a partir de indícios narrativos que
sugerem uma pulsão homoerótica latente atuando como mediadora da relação entre as
personagens de Quintanilha e Gonçalves, dois íntimos amigos de juventude que são inseparáveis,
apesar da assimetria da relação. Para isto constituímos um painel investigativo ao redor das
categorias da amizade masculina e homoerotismo, especificamente tanto no contexto oitocentista
fluminense, quanto de acordo com a referência da intertextualidade que aponta para a Grécia
clássica. Neste percurso busca-se observar os elementos sociais incorporados na estrutura e
tessitura do conto através da representação literária, à luz das considerações teóricas e
perspectiva de Antonio Candido em Literatura e Sociedade (2006), Alfredo Bosi em O enigma
do olhar (2003) e Roberto Schwarz em Que horas são? (1987), mormente no que concerne à
orientação estética e o olhar ‘’machadiano’’ sobre as personagens. O retrato da amizade no conto
é caracterizado pelo narrador de modo ambíguo conforme o convencional dueto encontrado nas
histórias de Machado de Assis envolvendo um par assimétrico, o embate e conciliação entre uma
‘’primeira natureza’’, de inspiração íntima e voltada ao desejo, e uma ‘’segunda natureza’’, uma
persona social movida pela necessidade e autopreservação.
Descrição:
SILVA, J. W. da. Pílades e Orestes: o homoerotismo sob o véu da amizade romântica. 2018. 40f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras)- Universidade Estadual da Paraíba, Guarabira, 2018.