Resumo:
O ceratocone é uma doença ocular na qual a córnea adquire formato cônico em decorrência do afinamento e protrusão da sua porção central. Manifesta-se clinicamente como perda progressiva da acuidade visual, resultante do aumento da miopia e do astigmatismo irregular. O ceratocone é considerado uma doença complexa e multigênica, com penetrância incompleta e constitui a ectasia corneana mais comum, representando a principal causa de transplante de córnea no mundo. Dentre os vários genes considerados como envolvidos na doença, enfatiza- se VSX1, o qual codifica um fator de transcrição relacionado com a morfogênese craniofacial e com a recuperação do tecido corneano após traumas. Trabalhos anteriores têm mostrado resultados conflitantes quanto ao seu envolvimento no ceratocone, e não existem estudos buscando descrever variantes em VSX1 na população brasileira. Neste sentido, este trabalho objetivou verificar se variantes em VSX1 estão envolvidas com a patogênese do ceratocone em pacientes brasileiros. Foram analisados 174 indivíduos oriundos do Hospital da Visão e do serviço de Oftalmologia da Clínica Escola da faculdade de Ciências Médicas de Campina Grande, dos quais 73 possuíam diagnóstico clínico de ceratocone e 101 apresentavam córneas normais. Para a realização das análises moleculares, o DNA genômico foi extraído do sangue periférico dos probandos e dos voluntários e os cinco éxons do gene VSX1 foram amplificados por PCR e sequenciados. Foram encontradas sete variantes em resíduos conservados de VSX1, sendo quatro de sentido trocado (L68H, D105E, R131S e G160D) e três sinônimas (S6S, P79P e G113G). Destas, L68H e P79P ainda não foram descritas em trabalhos anteriores. A variante L68H, assim como as variantes sinônimas, foi verificada apenas em pacientes ceratocônicos, enquanto D105E e R131S foram identificadas tanto em ceratocônicos quanto em indivíduos normais, os quais haviam declararado possuir familiares afetados com a doença. Análises in silico sugeriram que, exceto a G160D, todas as variantes não-sinônimas possuem potencial patogênico. Também foi verificado um paciente portador simultâneo das variantes L68H e R131S, que apresentou ceratocone bastante avançado, sugerindo que há atuação sinérgica destas variantes no agravamento da doença. Desta forma, os resultados obtidos indicam que as variantes L68H, D105E e R131S podem estar diretamente envolvidas na patogênese do ceratocone.
Descrição:
SILVA, D. C. da. Análise de variantes no gene VSX1 em pacientes portadores de ceratocone. 2017. 67f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2017.