Potenciais atividades de extratos de plantas medicinais do semiárido brasileiro para o desenvolvimento de medicamentos odontológicos

Abstract

O mercado de produtos odontológicos está em franca expansão e investimento na busca de novos medicamentos, principalmente os antibióticos, se faz necessário. O processo de desenvolvimento das principais doenças bucais está intimamente relacionado com a formação de biofilmes, o qual é referente ao surgimento de cáries, periodontite e infecções endodônticas. Nesse sentido, as indústrias de produtos farmacêutico/odontológicos estão investindo cada vez mais em pesquisas de novos produtos de origem vegetal, na tentativa de descobrir extratos/compostos com valor terapêutico, seguros, e no caso dos antimicrobianos, sem resistência antimicrobiana associada. O semiárido é em grande parte ocupada por vegetação de Caatinga que constitui um rico ecossistema exclusivamente brasileiro, com grande diversidade de espécies e elevada incidência de plantas endêmicas. Neste contexto, este trabalho se objetivou caracterizar novos Insumos Farmacêuticos Ativos Vegetais (IFAV), a partir de plantas medicinais do semiárido Brasileiro, com a finalidade de serem utilizados na formulação de medicamentos fitoterápicos de uso odontológico. Para isso foram analisados os extratos produzidos com as seguintes plantas: Schinopsis brasiliensis Engler e Poincianella pyramidalys (Tul.). Os extratos hidroalcoólicos foram produzidos pelos métodos de maceração e ultrassom, respectivamente. Em seguida foram submetidos a secagem por aspersão em um spray dryer. Foi realizada a caracterização fitoquímica, térmica e espectroscópicas dos extratos. Além dos ensaios de citotoxicidade e avaliação da atividade antimicrobiana frentes as cepas ATCC de Streptococcus mutans, S. oralis e Enterococcus faecalis. Os resultados mostraram que a S. brasiliensis apresentou uma maior quantidade de polifénois, enquanto que a P. pyramidalis de saponinas. Os extratos foram sensíveis aos microrganismos testados, sendo que o extrato de S. brasilensis a 70% apresentou melhor atividade frente a E. faecalis, com 98% de inibição do microrganismo. E o de P. pyramidalys a 90% apresentou melhor atividade frente a S. mutans e S. oralis, com 100 % de inibição dos microrganismos. Os extratos não mostraram citotoxicidade. E a caracterização térmica mostrou que o extrato de S. brasiliensis apresentou três picos endotérmicos, sendo o mais significante em 64,23 °C (ΔH = -132,00 J/g). Enquanto que o de P. pyramidalys apresentou um pico endotérmico e dois exotérmicos. A espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier mostrou que os extratos apresentaram uma grande variedade de metabolitos secundários. Assim, através deste estudo, foi possível verificar a viabilidade de aplicar essas técnicas na caracterização IFAV, para uso na produção de medicamentos fitoterápicos.