Resumo:
O gênero biográfico já foi encarado com certa desconfiança, sendo, em vários momentos, menosprezado pelos historiadores e, embora nas últimas décadas tenham ganhado reconhecimento e visibilidade, são ainda tímidos os estudos que se dedicam a escrever uma vida na área de História no Brasil. Contudo, a biografia tem se mostrado enquanto uma abordagem renovadora da escrita da História, colocando a trajetória individual sujeita a várias indagações e interpretações. Logo, intenta-se enfocar a biografia como uma modalidade de escrita da História, ilustrando algumas possibilidades e limites do trabalho historiográfico que toma esse tipo de texto como objeto de pesquisa. Para pensar a biografia no campo da operação historiográfica, foi realizada uma revisão bibliográfica acerca do gênero, evidenciando as peculiaridades da narração de uma vida pelo profissional da História, através, sobretudo, de seu diálogo com as fontes e com o discurso proferido pelo outro, bem como da relação historiador-biógrafo e biografado. Os resultados apontaram que sem encontrar um modelo fechado de análise, o historiador faz uma leitura interpretativa das produções de escritas de si e discursivas, no âmbito de propostas metodológicas que permitem o diálogo com o outro em prol de traduzir uma vida. Diante de sua versatilidade e hibridismo, o gênero vem aproveitando o historiador como competente manipulador de erudição documental com sensibilidade poética e sedução artística, colocando a escrita biográfica como um lugar de entendimento do passado enquanto unidade não estabelecida e incoerente, espaço de conflitos e de construção de trajetórias de vidas abertas, dinâmicas e envolventes.
Descrição:
GOMES, T. E. A. Escrita biográfica e escrita da história: as minúcias de uma vida pelo historiador. 2018. 26f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em História) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2019.