Atividade cicatrizante e antimicrobiana de microemulsões contendo o óleo essencial de Schinus terebinthifolius Raddi

Abstract

A aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi) é uma espécie de planta da família Anacardiaceae, conhecida popularmente de aroeira-da-praia, aroeira-vermelha ou pimenta-rosa. O óleo essencial de aroeira (OEA) é rico em α-pineno, limoneno, α-felandreno e α-terpineol, responsáveis pelas atividades antimicrobianas, antitumoral, antioxidante e cicatrizante de feridas cutâneas. A eficiência terapêutica do OEA na cicatrização e infecção de feridas cutâneas pode ser melhorada com a sua incorporação em novos sistemas de liberação, como as microemulsões (MEs). As MEs garantem uma liberação controlada, e podem aumentar a estabilidade física dos componentes químicos que formam o OEA, bem como, proteger das reações oxidativas com o ambiente, diminuir a volatilidade e reduzir sua toxicidade. O objetivo deste trabalho foi desenvolver e caracterizar microemulsões bicontínuas contendo o (OEA) nas concentrações de 5 e 10% da fase oleosa e analisar a atividade cicatrizante e antimicrobiana in vivo. O sistema microemulsionado foi composto pela mistura de dois tensoativos, Kolliphor® HS15 e Brij® 52 (37,5%), na proporção de 9:1, água destilada (fase aquosa) (37,5%) e miristato de isopropila (fase oleosa) (25%). A caracterização dos sistemas foi realizada através de análises macroscópicas, pH, condutividade elétrica e centrifugação. As formulações apresentaram um aspecto de um gel, bastante viscoso e límpido. Os valores encontrados de pH das três formulações desenvolvidas de 6,49, 6,54 e 6,55, para a ME sem o OEA (ME-BR), MEs com 5% e com 10% do OEA, respectivamente, se encontram dentro da faixa aceitável de pH da pele. Os valores de condutividade de 96,48 μS/cm, 92,16 μS/cm e 72,60 μS/cm para a ME-BR, MEs com 5% e com 10% do OEA, respectivamente, sugestivo de MEs que apresentam uma grande fase aquosa externa, como as MEs do tipo bicontínuas. Pelo processo de centrifugação, sugeriu-se uma boa estabilidade das formulações. O teste in vivo revelou que a microemulsão (ME) contendo 10% do OEA promoveu um efeito de cicatrização reduzindo para 77,7 ± 5,1% o tamanho das feridas, a partir do 4° dia após a indução da ferida, enquanto que a ME-BR retardou o processo de cicatrização. Foi demostrada uma atividade antimicrobiana frente a Enterobacter aerogenes e Pseudomonas aeruginosa. Portanto, a ME contendo 10% do OEA pode oferecer uma nova alternativa ao tratamento de inflamações cutâneas e/ou infecções microbianas.