Resumo:
O Filo Mollusca é considerado um dos grupos mais diversos do Reino Animal e dentre os
variados microhabitats que podem ser ocupados pelos moluscos está o ambiente fital, onde se pode observar a associação destes animais com macroalgas. A vegetação do fital atenua o hidrodinamismo, proporcionando maior estabilidade dos parâmetros físico-químicos, principalmente temperatura e salinidade, oferecendo um ambiente mais atraente para a fauna. Estudos sugerem que algas com diferentes morfologias do talo podem influenciar a diversidade e abundância de espécies associadas, e, desta forma, o presente estudo objetivou analisar a malacofauna associada a três espécies de macroalgas marinhas com diferentes arquiteturas, coletadas nos recifes do Cabo Branco, João Pessoa, Paraíba, em abril de 2011. Foram coletados aleatoriamente cinco talos de cada alga (Padina pavonica – talo folhoso, Gracilaria domingensis e Cryptonemia bengryi – talos filamentosos) as quais foram acondicionadas em sacos plásticos, levadas ao laboratório e em seguida triadas para remoção dos moluscos associados. As mesmas foram analisadas quanto a diversos atributos da arquitetura algal, tais como largura algal, altura e grau de ramificação. Os moluscos foram identificados até o menor nível possível e organizados em uma lista taxonômica. Os atributos algais das três espécies e a abundância da malacofauna foram comparados utilizando-se análise de agrupamento de Bray-Curtis. Comparando-se os valores algais demonstrados pelas três espécies, G. domingensis mostrou-se a espécie com arquitetura algal mais complexa, seguida por C. bengryi e P. pavonica. Na análise do índice de similaridade de Bray-Curtis, observou-se forte similaridade entre as amostras de P. pavonica e C. bengryi. Quanto aos moluscos, foi encontrado um total de 402 espécimes associados, distribuídos em 11 famílias e 18 espécies, todos representantes da Classe Gastropoda. Dentre as espécies mais frequentes estão Eulithidium affine (80% de ocorrência), Rissoina sagraiana (60%), Astyris lunata (40%) e Phyllaplysia engeli (33,3%), sendo E. affine também a espécie mais abundante. Considerando-se o número de espécies por alga, pôde-se observar que Padina pavonica foi a que abrigou um menor número, tendo apenas seis das 18 espécies listadas, representando assim 33,3% do total das espécies associadas. Tanto G. domingensis quanto C. bengryi tiveram 10 espécies associadas, representando 55,5% do total de espécies, e a abundância total de indivíduos associados foi 86 espécimes (26,6%) para G. domingensis e 107 espécimes (21,3%) para C. bengryi. Alguns dos gêneros de gastrópodes registrados neste estudo, tais como Caecum, Turbonilla, Mitrella, Eulithidium e Costoanachis são bastante difundidos nas comunidades fitais em diversos países e em outras regiões do Brasil. P. pavonica, apesar da estrutura do talo considerada menos complexa, com aspecto folhoso, abrigou a maior abundância de moluscos, com 51,9% do total de indivíduos registrados. Possivelmente a estrutura folhosa do talo ofereça um melhor substrato para fixação e deslocamento dos indivíduos e também favoreça a presença de outros organismos que possam ser utilizados como alimento pelos moluscos. Este estudo revelou espécies ainda não registradas para o litoral da Paraíba, contribuindo assim, para o conhecimento da biodiversidade paraibana.
Descrição:
ALMEIDA, I. C. de S.
Gastrópodes associados ao fital de três macroalgas marinhas com diferentes graus de complexidade estrutural. 2011. 39f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas). Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2011.