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Ao longo da história, os corpos dos negros foram invisibilizados. Isso começou no período
escravista, quando seus corpos foram arrancados de suas raízes, e eles chegaram ao Brasil
apenas com esse. Durante essa trajetória, foram tratados de forma cruel e desumana. No
entanto, foi com esse mesmo corpo que resistiram, lutaram por liberdade e dignidade e
instituíram valores e saberes que enriqueceram a cultura brasileira. A corporeidade é um
desses valores que está voltado para a valorização do corpo como um espaço de expressão
cultural e identitária. Entretanto, as dimensões corporais dos negros vêm sendo atacadas e
inferiorizadas pelo racismo e pela discriminação que foram disseminadas na sociedade, que
introjetou no negro tudo o que é negativo e ruim. Consequentemente, eles passaram a negar e
a rejeitar as próprias características diacríticas. Esses atos se reproduzem no espaço escolar,
em que se lida com a formação e o desenvolvimento humano, e onde a criança constrói sua
identidade. E como é uma instituição social, seu papel é de tratar dessas questões que
envolvem a sociedade. Este trabalho teve como objetivo analisar de que forma a escola tem
contribuído para construir uma imagem positiva do corpo e da corporeidade da criança negra,
considerando essas dimensões essenciais na formação da identidade negra. Quanto aos
objetivos específicos, consistiram em investigar como os professores compreendem e
enxergam a corporeidade das crianças negras; verificar se o corpo docente desenvolve
atividades e conteúdos que permitem o desenvolvimento da corporeidade como elemento de
fortalecimento identitário; e constatar se a cultura afro-brasileira está presente no espaço
escolar. O aporte teórico foi construído a partir das propostas de estudiosos como: Munanga
(2006), Gomes (2006), Rodrigues (2012), Chiavenato (1980), Trindade (2013), Silva (2014),
Chiavenato (1980), Andrade (2005), Rodrigues (2012), dentre outros, que realizaram estudos
sobre essa temática. A pesquisa apresenta uma abordagem qualitativa, na seguinte tipologia: é
uma pesquisa de campo, cujos dados foram coletados no campo objeto do estudo, onde
ocorrem os fenômenos que são o alvo da pesquisa (ANDRADE, 2010); também se configura
como um estudo de caso, uma vez que foi realizado em apenas uma instituição. Quanto aos
instrumentos, procederam-se da seguinte forma: aplicação de questionário com 16 questões
fechadas e abertas e uma entrevista semiestruturada para os sujeitos envolvidos na pesquisa.
Os resultados apontaram que a instituição escolar ainda não realiza trabalhos voltados para o
desenvolvimento e a valorização do corpo e da corporeidade da criança negra, que,
cotidianamente, é vítima de práticas racistas dentro do próprio ambiente escolar, o que resulta
em isolamento e baixa autoestima, bem como ainda é evidente a existência de uma
corporeidade silenciada e ignorada. |
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