Resumo:
Este artigo analisa a experiência de um trabalho realizado com um grupo de crianças e adolescentes em oficinas lúdicas numa instituição de acolhimento. Orienta-se pela perspectiva teórica e ética da psicanálise Lacaniana, e tem como objetivos: a) analisar o lugar do discurso da Instituição frente as respostas ao desamparo vivido pelas crianças e adolescentes acolhidos e b) analisar as possibilidades encontradas nos discursos dessas crianças para elaborar suas próprias histórias e respostas. Assim, por meio de oficinas semanais, com uma hora de duração, durante quatro meses, ofertamos um espaço lúdico para 11 crianças e adolescentes, de 7 a 14 anos, em acolhimento institucional. Apesar de crianças em acolhimento partirem de tramas sociais e familiares as voltas com violência e desamparo, o discurso apresentado pela instituição se fundamentava na idealização de um modelo de criança e adolescente, de um saber imposto muitas vezes através do castigo como meio educativo, não considerando a história, a singularidade do sujeito e seu discurso particular, encarnando o discurso do mestre. De forma contrária, as oficinas sustentaram o lugar do discurso do analista, na função de causa para dar lugar ao discurso do sujeito, utilizando-se do brincar como um modo de fazer circular a subjetividade da criança, o resgate de sua história e as possibilidades de elaboração e respostas. Analisou-se um não saber inicial dito pelas crianças – desenhar, fazer, imaginar –, mas também, a circulação de implicar-se em querer conhecer, à medida que as oficinas aconteciam, do poder dizer, poder saber sobre si, poder construir. Um incipiente poder fazer com a própria realidade posta como questão.
Descrição:
SILVA, R. E. da. Do discurso do mestre ao “furo” possível como resposta do sujeito. 2017. 22f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2017.