Desenvolvimento neuromotor de crianças com microcefalia em decorrência da Síndrome Congênita Associada a Infecção pelo Vírus Zica (SCZ) em Campina Grande – PB

Abstract

Introdução: A microcefalia descreve uma condição na qual o perímetro cefálico (PC) encontra-se menos dois (-2) desvios padrões abaixo da média determinada para o sexo e a idade gestacional da criança. No Brasil, em outubro de 2015, foi detectado um aumento repentino de recém-nascidos vivos com microcefalia ao mesmo tempo em que o Ministério da Saúde alertava sobre a circulação e perigo do vírus Zika, posteriormente sendo estabelecido o nexo causal entre eles e caracterizando a Síndrome Congênita do Zika Virus (SCZ). Objetivo: O presente estudo se propôs a verificar o desenvolvimento neuromotor de crianças com microcefalia em decorrente da SCZ. Métodos: Trata-se de uma pesquisa transversal, descritiva, com abordagem quantitativa. A população alvo são as crianças diagnosticadas com microcefalia em decorrência de infecção pelo vírus Zika, que se encontram em acompanhamento fisioterapêutico no CER IV, na cidade de Campina Grande-PB. As crianças que compor a amostra foram escolhidas por acessibilidade e, para coleta de dados, foi utilizado um protocolo para caracterização da criança com os dados sóciodemográficos e clíniconeurológicos; para a classificação do nível de desenvolvimento neuromotor, foi utilizado o Sistema de Classificação da Função Motora Grosa (GMFCS). Os dados estatísticos processados encontram-se apresentados por meio de tabelas. Resultados: Participaram do estudo 15 crianças,onde, quanto a classificação do desenvolvimento neuromotor, usando o GMFCS, todas foram classificadas no nível V - “Transportado em uma cadeira de rodas manual” que, levando em consideração a realidade dos participantes desta pesquisa, em especial a pouca idade, significa dizer, “Transportado no colo ou carrinho de bebê”. Observaram-se graves limitações em todas as áreas de função motora, sendo necessária ajuda física e de tecnologia assistiva para a movimentação voluntária e funcional. Conclusão: Os instrumentos utilizados, em especial o GMFCS, mostraram-se de fácil aplicação e foi possível observar em todas as crianças, graves limitações da função motora grossa. Contudo, a observação de que a infecção pelo vírus Zika tem efeitos deletérios no sistema nervoso central e que apresentavam ainda outras alterações importantes do desenvolvimento, reforça-se a necessidade de uma assistência interdisciplinar e intersetorial a longo prazo. Houve dificuldades quanto a homogeneidade dos resultados devido, provavelmente, a restrição no número da amostra e pela pesquisa se limitar a uma única instituição.