Resumo:
O presente trabalho analisa e conta a história da manifestação do Boi de Reis
na cidade de Dona Inês-PB, no Sítio Caiçara. “O Boi de Reis da Caiçara”, como
é conhecido surgiu por volta dos anos 1930, e desde então os brincantes que o
compõem mantém a tradição de mesclar elementos da cultura europeia,
africana e indígena incorporados à vivência do nordeste e por isso, é rica em
plasticidades e simbologias. Neste trabalho trazemos a dinâmica da “morte e
ressurreição do boi”, narrativa vivenciada pelos brincantes quando da
realização das apresentações do grupo. Essa narrativa nos foi contada por três
integrantes do grupo: o Contra Mestre o Senhor João “Homem”, o Galante Vitor
Mateus o Sanfoneiro Zé Paulo. Através de “entrevistas” ou de conversas
descontraídas revisitaram suas memórias e trouxeram à tona fragmentos que
nos possibilitaram conhecê-la. Como se trata de uma manifestação cultural
dialogamos com estudiosos/as da cultura, a exemplo de Arantes (2004), Bosi
(1986), Laraia (2009), Hall (2009) entre outros e discutimos os conceitos
inerentes a cultura. No percurso que fazemos não enquadramos o “Boi da
Caiçara”, no que comumente é classificado de cultura popular, mas a luz
desses autores/as buscamos compreendê-lo como uma manifestação inerente
ao humano, ou seja, decorrente da capacidade dos/as moradores/as do Sítio
Caiçara de produzir cultura nesse espaço, no diálogo com outros; razão porque
recorremos a Ginzburg (1987). Conforme os integrantes com quem dialogamos
afirmaram, quando eles dançam o boi, brincam, se divertem e divertem aos
outros, isso quebra a rotina da logica produtivista do capital, e humaniza a vida
na comunidade. Essa característica, associada ao fato dos componentes do
grupo pertencerem em sua maioria ao mesmo núcleo familiar (irmãos, primos e
tios) explica a longa existência do grupo.
Descrição:
RODRIGUES, F. C. Boi de reis: história, cultura e resistência na cidade de Dona Inês/PB. 2019. 50f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em História)- Universidade Estadual da Paraíba, Guarabira, 2019.