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Os cadernos manuscritos que registram receitas culinárias, apreendidas a partir da
tradição oral, apresentam traços linguísticos importantes, revelados a partir da voz e
da oralidade conduzidas pela memória. A voz funciona como um mecanismo de
transporte carregado por elementos linguísticos. Neste percurso, as receitas são
reespacializadas e “reescritas” de acordo com as tradições. Através dos utensílios
culinários, ingredientes e descrição dos modos de fazer receitas, verifica-se a
presença da voz e suas readaptações conforme a cultura e as tradições que fazem
parte de seu sistema simbólico. Tudo está entrecruzado nas práticas culinárias
circunscritas na Letra e na Voz. Nesta perspectiva, despertou-se a necessidade de
averiguar na região de Catolé do Rocha, Sertão Paraibano, a existência de receitas
culinárias em cadernos manuscritos de senhoras moradoras na cidade, com o fito de
analisar rastros linguísticos que apontassem a presença da voz, da oralidade, da
memória e da tradição. Primeiramente, foi realizada uma leitura bibliográfica tendo
como pressupostos teóricos, Halbwachs (2006), Ong (1998) e Zumthor (1993, 1997,
2005, 2010), dentre outros. Em seguida, realizou-se uma pesquisa de campo,
localizando-se quatro senhoras, cada qual com um caderno. Dentre estes, analisouse
sete receitas culinárias, duas doces e cinco salgadas. Os cadernos manuscritos
revelam as vozes que perpassam através do tempo e que ainda permanecem na
cultura da nossa região. |
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