dc.description.abstract |
O ensino de Geografia, desde sua origem, serve ao poder, seja ele estatal, empresarial ou militar. Com o currículo brasileiro não é diferente, são servos, personagens secundários de um conjunto hierárquico que fornece as condições para a perpetuação de um ensino e um modelo educacional que sempre formou mão de obra de baixa qualidade, cidadãos sem criticidade e uma sociedade desacreditada. Durante o regime militar e após ele, o ensino de Geografia, através de suas metodologias e recursos, assim como o currículo escolar continuaram empregados do poder. Refletindo sobre essas constatações, o presente trabalho objetiva abordar o currículo, as metodologias de ensino e os recursos didáticos colacionados aos conteúdos geográficos ensinados e as características dos professores de Geografia da Escola Estadual Monsenhor José Paulino, local de estudo do trabalho, no período pós-ditadura militar (1986 a 1990). Para o desenvolvimento da pesquisa, de cunho qualitativo, foi utilizada metodologia da análise documental de diários de classe e também o emprego de questionários. Foi possível constatar da análise empreendida que o currículo foi algo pouco compreendido, seguido e questionado na escola da pesquisa, possivelmente em virtude de tratar-se de um momento de confusão e afirmação curricular e social que o país enfrentava. Os diários de classe mostraram que os conteúdos não mantinham relação, não estavam conectados, abordavam temáticas mecânicas, pouco produtivas e que não mantinham diálogo com o lugar enquanto espaço de vivência dos alunos. Os questionários mostraram que os professores agentes da pesquisa não eram graduados e nunca passaram por um curso superior de Geografia, destacaram metodologias e recursos pouco variados e que o ensino de Geografia, dessa forma materializado, não tinha o condão de prover a capacidade de compreensão da realidade nem tampouco promover a cidadania. |
pt_BR |