Resumo:
Brasiliscincus heathi Schmidt & Inger, 1951 é um lagarto é um lagarto neotropical da família Mabuyidae que possui ampla distribuição geográfica, ocorrendo na Floresta Atlântica, Caatinga e Cerrado. Estudos sobre a autoecologia de espécies de lagartos contribuem de modo significativo para uma melhor compreensão de traços importantes da história natural desses répteis Squamata; bem como podem subsidiar a adoção de futuras medidas de conservação. Portanto, este estudo teve por objetivos investigar o hábito alimentar, dimorfismo sexual, utilização de microhabitats e período de atividade diária em uma população de B. heathi, vivendo em um dos mais bem preservados fragmentos de Floresta Atlântica no Nordeste brasileiro. Os lagartos foram capturados utilizando armadilhas de interceptação e queda, buscas ativas visuais e limitadas por tempo, e encontros ocasionais por membros da equipe. Depois de capturado, cada lagarto teve sua massa corporal determinada e, em seguida, foi anestesiado com injeção de lidocaína, morto com formalina e, então, conservado em álcool etílico a 70%. Para cada lagarto observado (e sempre que possível capturado) foram registrados o tipo de microhabitat utilizado e horário do dia. Posteriormente, cada lagarto teve seu comprimento rostro-cloacal (CRC), comprimento, largura e altura da cabeça medidos. Em seguida, cada lagarto foi dissecado e seu conteúdo estomacal removido, examinado e identificado. As presas consumidas tiveram sua massa úmida e volume corporal determinados. Os corpos gordurosos foram removidos e determinada sua massa úmida. O sexo e idade dos lagartos foram determinados pelo exame de suas gônadas. Foram coletados 53 lagartos (machos adultos: n = 23; fêmeas adultas: n = 18 e jovens: n = 12). Foram encontradas presas no conteúdo estomacal de 81,1% dos lagartos examinados; nos demais (18,9%) o estômago estava vazio. Foram registradas 69 presas, categorizadas em onze tipos. As aranhas, grilos, vespas e larvas de insetos foram as presas mais importante na dieta dos lagartos. Não houve diferença significativa em relação à quantidade de presas consumidas entre lagartos machos e fêmeas adultos, nem tampouco entre adultos e jovens. Não houve correlação significativa entre o CRC dos lagartos e a massa e volume corporal das presas. Os machos atingiram a maturidade sexual em tamanho corporal mínimo menor do que as fêmeas. Foi observado dimorfismo sexual no CRC, sendo as fêmeas adultas, em média, maiores do que os machos adultos. Porém, não houve diferença significativa no tamanho da cabeça entre os sexos. As fêmeas adultas apresentaram massa de corpos gordurosos significativamente maior do que os machos adultos, porém eles não diferiram na massa corporal. Moitas de capim foi o principal tipo de microhabitat utilizado pelos lagartos. O período de atividade diária dos lagartos foi bimodal, com um pico no meio da manhã e outro no meio da tarde. A população de B. heathi comportou-se como artropodívora generalista; com amplo nicho trófico. Sugere-se que esses lagartos adotaram um modo de forrageamento intermediário entre o ativo e senta-e-espera. Os lagartos usaram vários tipos de microhabitats, mas aparentemente preferiram as moitas de capim. Diferentemente de várias espécies de mabuídeos, eles adotaram um padrão de atividade diária bimodal.
Descrição:
SILVA, M. C. da. Autoecologia do lagarto neotropical brasiliscincus Heathi Schmidt & Inger, 1951 (SQUAMATA: MABUYIDAE) em um fragmento de Floresta Atlântica no Nordeste do Brasil. 2018. 90f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2018.