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Esta pesquisa tem por objetivo analisar o conto de Clarice Lispector, O Corpo, inserido na coletânea A via crucis do corpo, uma narrativa que se desenvolve a partir de um triângulo amoroso entre um homem e duas mulheres, que essas ora se apresentam submissas ora transgressoras. Partimos do seguinte problema como são construídas as personagens femininas no conto clariceano se levamos em condição a relação entre o Eros e o Thanatos como constituintes da problemática que envolve as relações de gênero com o patriarcado? O feminino clariceano é posto aqui, mais uma vez, como paradoxo que lhe é peculiar, de acordo com nossa leitura crítica, entre a aceitação e a contestação dos valores, entre a emancipação feminina sugerida e a opressão masculina aparentemente inexorável. A partir da narrativa do conto, nosso trabalho procura analisar as personagens diante de um quadro cultural de valores patriarcais, compreendendo a trajetória que as elas trilham em busca da descoberta do prazer e do desejo e, em que momento surgem os conflitos interiores. Tomamos como hipótese que o trabalho se constrói a partir de uma ambivalência que só se resolve através do insólito, do inesperado. Tal evento narrativo insólito é a morte, materializada por Carmem e Beatriz, personagens marcadas por traços de reflexão interna, por um conflito consigo mesmas e com o mundo e, que se descobrem de repente, sendo o fio condutor e preenchido de representações com o ―corpo‖. Propomos uma interpretação do conto clariceano, na qual o evento libertador do feminino é a morte, que se instaura a partir de uma condição sempre posta e configurada entre antinomias e paradoxos, conformidade e questionamento, repressão, emancipação, angústia pela solidão, erotismo e morte, ou seja, o Eros e Thanatos que propomos como binômio articulador do feminino na narrativa. Para tanto, fundamentamos o trabalho com autores como Bourdieu (2007), Koss (2004), Rosenbaum (2002), Xavier (1998), Freud (1920), entre outros. |
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