Resumo:
O presente trabalho tem por objetivo analisar o conto A Menor Mulher do Mundo, inserido no
livro Laços de Família (1960), de Clarice Lispector, através do conceito de alteridade, do qual
decorre a problematização dos conceitos-chave 'estranho' (unheimlich) e 'familiar' (heimlich),
desenvolvidos por Sigmund Freud em seu artigo "O estranho", de 1919, mas antecipado no
livro Totem e Tabu, publicado em 1913. No presente estudo, a relação 'estranho/familiar' é
estruturante para se compreender a projeção do imaginário social pós-colonial sobre culturas
diferentes e, portanto, estranhas às práticas reguladas e consolidadas pela hegemonia do
Ocidente que tratam o diferente como objeto. Nesse conto, a ―menor mulher‖ do título
representa para o imaginário pós-colonial o diferente, o estranho devido à diversidade de seu
tamanho, de sua cultura e de sua cor, características essas que despertam no imaginário do
explorador francês, representante do familiar, a necessidade de revelar para a sociedade
civilizada sua ―descoberta‖, utilizando da notícia jornalística para promover o encontro desses
mundos que se opõem pela estranheza de suas singularidades, assim como fez Colombo ao
relatar em cartas a descoberta do inóspito, do longínquo e do estranho na época da conquista e
exploração da América, conforme expõe Todorov no livro A conquista da América – a
questão do outro (1982). Dessa forma, percebemos nessa obra a possibilidade de diálogo que
há entre os discursos do colonizador do século XV e XVI e o colonizador do século XX
Descrição:
CUNHA, Deise Luci Silva. A projeção da alteridade no imaginário social pós-colonial do ocidente - A relação entre o "estranho" e o "familiar" no conto "A menor mulher do mundo", de Clarice Lispector. 2014. 39f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Fundamentos da Educação: Práticas Pedagógicas Interdisciplinares) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2014.