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Considerando a importância dos discursos da sociedade açucareira dos primeiros trintas anos
do século XX na Paraíba, o presente trabalho tem como objetivo mapear os discursos da
dualidade moderno/arcaico, que colonizam o corpo do personagem Carlinhos, presentes nas
obras de José Lins do Rego: Menino de Engenho (2008a), Doidinho (2008b) e Meus Verdes
Anos (2008c). Sob a perspectiva da História Cultural, a pesquisa sobre a narrativa literária do
referido escritor paraibano nos leva a problematizar os discursos presentes nessa sociedade,
analisando como sua escrita aborda as aparentes contradições entre a liberdade e libertinagem
da sociedade açucareira e o poder disciplinador da instituição escolar, sendo esta responsável
por impor a ordem, a disciplina e a civilidade. Pois, consideramos que tanto as narrativas
sobre a indisciplina da vida rural como a disciplina da vida urbana se constituem enquanto
espaços de modelagem e fabricação de masculinidade, espaços no qual um corpo sofre
processos de alteridade mediante o convívio com os sujeitos e regras impostas. Por trabalhar
com literatura como fonte principal, a metodologia aqui utilizada reflete o diálogo com os
campos da Literatura e História Cultural, sob o crivo teórico dos seguintes autores: concepção
de representação de Roger Chartier (1988), discussões sobre poder, discurso, e disciplina de
Michel Foucault (2014), além do pensamento de Michel Certeau (2014) sobre táticas e outros
conceitos como formas de burlas cotidianas diante das regras impostas. Procuramos mostrar a
importância do debate sobre a constituição da masculinidade na literatura de Lins do Rego,
destacando que dentro de uma sociedade existem discursos que são responsáveis por fabricar
sujeitos a partir de seu cotidiano, os influenciando na maneira de agir e pensar. |
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