Resumo:
A construção imaginária de um personagem político se dá primeiramente pela identificação dos seus feitos, pela apresentação de fatos grandiosos que um dia participou direto e/ou indiretamente. No entanto, o trabalho de personificação de um personagem político é bem mais complexo, quando envolve um conjunto de representações, muitas delas, feitas após sua morte. Em muitos casos, o evento da morte de tais personagens assume um papel importante no trabalho de constituição imaginária de sua personalidade pública. É desse modo que, historicamente, quando morre uma figura pública, os funerais se tornam um grande evento, reunindo milhares de pessoas – e comovendo outras tantas, que acompanham as cerimônias através dos diversos meios de comunicações disponíveis em cada época. Há, nesses eventos, uma espécie de “teatralização”, própria dos funerais, cujos ritos e regras variam de acordo com a posição, papel e lugar assumido pelo morto em seu meio social. Neste sentido, o presente trabalho objetiva analisar o evento da morte do Coronel Christiano Lauritzen (1847-1923), chefe político de Campina Grande entre fins do século XIX e primeiras décadas do século XX, de modo a entender o jogo de representações criadas pelo jornal Gazeta do Sertão sobre este personagem naquele contexto. Para tanto, pretendemos observar a trajetória política de Christiano Lauritzen atentos a analisar os “jogos de representações” criados sobre ele pela sociedade campinense da época. Analisando os jornais de época, sobretudo o jornal Gazeta do Sertão, é possível verificar indícios dos esforços em torno da construção de um personagem em meio aos fatos vividos e evento de sua morte de modo a observar não apenas sua trajetória política, mas sim as representações e significações criadas sobre ele pela sociedade campinense do período.
Descrição:
SILVA, J. C. G. À morte do gringo: o Gazeta do Sertão e a construção imaginária de um político (1923-1924). 2019. 26 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em História) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2019.