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Este estudo objetiva compreender as representações das memórias docentes por entre as
refigurações instituídas pelo regime militar (1964-1985) na estrutura curricular de ensino,
interconectando-se, por sua vez, aos liames das atuações “pública” e “privada” das professoras
da disciplina de História. Dessa feita, evidenciamos as redes de saber-poder que inscrevem e
circunscrevem as instituições escolares, bem como a sutura de um currículo oculto que vai
costurando as teias de reutilização da ordem imposta. A tese que norteia nossa pesquisa se
assenta nas diversas formas de “subversão” advindas com o regime militar; atentando para as
redes de antidisciplina que instituem gestos e práticas para além da colonização preterida pelo
poder panóptico. A convergência das encenações cotidianas que cercam as fronteiras fluidas
prenunciadas pelos regimes de força encontra nas memórias das docentes de História a baliza
a nos conduzir às cartografias de “sedição” e sedução que moldam passos e espaços de
resistência à ordem imposta em 1964. Do ponto de vista teórico-metodológico, este trabalho
ancora-se na utilização das fontes orais, como forma de operacionalizarmos a escuta das
“vozes do silêncio” que buscam o seu “lugar historiográfico” por entre a (re) escrita do
palimpsesto das tramas históricas. Estas, entrecruzadas com as fontes impressas de circulação
estatal nos permitiram tecer quadros esquemáticos da conjuntura sócio-educativa campinense
ao longo das décadas de 1960-1980. Para tanto, nos apropriamos do arcabouço teórico
embasado nas incursões epistemológicas trilhadas por Certeau (1994; 1996; 2007), Chartier
(1990; 2002), Elias (1994), Foucault (1996; 2001; 2003; 2005), Halbawchs (2006), Louro
(1997), Scott (2006) e Weber (1992). Como entradas temáticas, utilizamos a História Cultural e
sua correlação com a História da educação, os estudos de gênero, a sociologia compreensiva
weberiana, bem como sua confluência rumo às esferas do “público” e do “privado” que tecem
as redes de saber-poder e antidisciplina que marcam as trajetórias dessas docentes ao longo
da ditadura militar. Os resultados nos permitem afirmar as convergências das transformações
advindas com a instalação do referido regime no que versa ao ensino de História e, por
conseguinte, os contrastes da intimidade que evidenciam a história e trajetória dessas
professoras. |
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